ISSN 2359-5191

26/10/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 67 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Plástico biodegradável permite construção de microcápsulas

São Paulo (AUN - USP) - O biodegradável é o plástico mais adequado para microencapsulação de remédios, de acordo com Maria Filomena de Andrade Rodrigues, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), na USP. O armazenamento de doses minúsculas de medicamentos se torna possível devido à maleabilidade do material, necessária para a confecção de cápsulas de até um micrômetro (um milionésimo de metro). De acordo com a pesquisadora, o plástico comum, de origem fóssil, não é tão manipulável quanto o plástico biodegradável.

O IPT, de acordo com Maria Filomena, desenvolve pesquisas sobre plásticos biodegradáveis desde 1992. De bactérias alimentadas com sacarose de cana-de-açúcar, extraem-se grânulos decorrentes do metabolismo dessa substância. O resultado desse metabolismo é material com qualidades termoplásticas semelhantes ao plástico de petróleo e versátil em suas aplicações. Além disso, sua rápida decomposição se torna uma vantagem em relação ao plástico comum (polietileno e polipropileno, em sua maioria), que se acumula em aterros mundo afora.

De acordo com Maria Filomena, sob as condições de ambiente necessárias para degradação de material (umidade, calor e oxigênio), a decomposição do biodegradável já é aparente passados seis meses. No mesmo período, o plástico comum não sofre nenhuma alteração visível –ele leva cerca de 500 anos para se decompor completamente.

Com o desenvolvimento do processo de produção de plástico biodegradável, em parceria com a hoje extinta Uniçúcar, o IPT orientou a implantação do processo numa usina em Serrana, interior de São Paulo. Os estudos definiram as bactérias mais produtivas para o processo, assim como detalhes da fermentação do açúcar. Hoje, de acordo com Maria Filomena, a usina PHB Industrial produz, por ano, cerca de 50 toneladas de plástico biodegradável. Essa produção utiliza como matéria-prima parte da sacarose processada pela usina.

A opção por usina já estabelecida, de acordo com Maria Filomena, foi pragmática: para que não houvesse a necessidade de construírem tudo do zero, exclusivamente para a produção de plástico biodegradável, resolveram utilizar parte do açúcar produzido por uma usina. A PHB acompanha a qualidade de seu plástico em pesquisas próprias.

A partir de 1998, as pesquisas do IPT se concentram no aprimoramento das técnicas de produção do biodegradável. Além do açúcar de cana, foi experimentada a produção a partir de hidrolisados de bagaço de cana e outros resíduos vegetais. Segundo Maria Filomena, o que se leva em consideração nos estudos de bioplásticos é a composição polimérica (cadeia de carbono), o peso molecular (que influi no tempo de decomposição) e parâmetros de fermentação (como consumo, rendimento e produtividade).

Ainda segundo Maria Filomena, como a tecnologia de produção já existe, a tendência é que o plástico biodegradável seja produzido em escala cada vez maior, o que também favorecerá a queda de seu custo, hoje de 3 a 4 vezes maior que o do plástico comum.

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