São Paulo (AUN - USP) - Foi descoberta a causa de uma estranha doença em ovelhas, que vinha sendo observada há cinqüenta anos no Uruguai e mais recentemente no Rio Grande do Sul. Franklin Riet Correa, formado pela Faculdade de Medicina Veterinária da USP foi quem realizou os estudos que comprovaram a existência da enfermidade.
A doença ataca o sistema nervoso dos animais e os sinais são: alterações no comportamento, agressões a outros animais e ao homem, batidas contra a cerca e objetos, convulsões, podendo haver, em alguns casos, a morte. A doença não causa lesões macroscópicas de relevância, mas provoca o desaparecimento de muitos neurônios, fazendo com que haja degeneração do sistema nervoso. Surgem vacúolos na parte branca do encéfalo e na medula espinhal. Durante anos os fazendeiros viram seus animais sofrerem por causa dessa doença, mas não sabiam de onde ela vinha, não conseguiam descobrir a origem.
Começou-se então a se desconfiar de uma planta chamada Halimium brasiliense pois os animais ficavam doentes bem na época em que cresciam mais dessas plantas nos pastos, ou seja, a ocorrência sazonal da enfermidade coincidia com o ciclo biológico da planta. Além desse indício, havia um outro: a maioria dos ovinos afetados se recuperava trinta dias após serem retirados do pasto, isto quer dizer, trinta dias depois que paravam de ingerir a planta.
Para confirmar a suspeita, Franklin iniciou seu estudo da seguinte maneira: reproduziu a intoxicação em dois ovinos. Ele fez com que esses dois animais ingerissem em média 2,2 quilos da planta (Halimium brasiliense) por quilo de peso vivo. O primeiro apresentou convulsões após dois meses e o segundo, após quatro meses. Outros dois animais que já tinham estado doentes anteriormente também, sob controle, ingeriram a planta. Estes apresentaram as convulsões mais rapidamente demonstrando que ela tem efeito cumulativo.
Também foram visitadas fazendas no Rio Grande do Sul e no Uruguai. Em nosso país foram inspecionadas doze fazendas e no Uruguai houve mais cinqüenta e duas vistorias. Os fazendeiros foram questionados, as pastagens foram examinadas para verificar a possível presença de plantas tóxicas e os rebanhos foram inspecionados para a constatação de animais afetados.
Depois de todos os procedimentos, Frankiln conclui seus estudos e confirmou a suspeita, era mesmo a planta que causava os males aos animais. Agora, os fazendeiros podem evitar que esta enfermidade ataque seus rebanhos retirando dos pastos os exemplares da Hamilium brasiliense.