ISSN 2359-5191

15/03/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 01 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Pesquisador alerta sobre o cuidado na escolha de locais para disposição de lixo

São Paulo (AUN - USP) - As autoridades competentes devem tomar os devidos cuidados na definição de local e forma de disposição lixo, para que a contaminação de águas subterrâneas seja evitada. A conclusão é o resultado de um estudo do professor Vagner Roberto Elis, do Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG-USP), que analisou lixões, aterros controlados e aterros sanitários. “Um mau planejamento pode provocar contaminação do subsolo por dezenas de anos, mesmo após o uso do aterro ter sido finalizado”, afirma Elis.

Segundo ele, na implantação de qualquer forma de disposição de resíduos sólidos, deve ser feito um processo de impermeabilização do solo, para garantir que a infiltração do material nocivo não ocorra. Isso pode ser feito por meio da colocação de algum agente impermeabilizante sobre o solo, principalmente se sua porosidade for alta; quanto maior ela for, maior a suscetibilidade à percolação de resíduos. De acordo com o professor, normalmente se usa argila compactada, mas, no exterior, já vem sendo utilizada uma manta artificial, de alto custo, mas bastante eficiente.

A contaminação de lençóis freáticos ocorre pela infiltração no solo do chorume, o resíduo líquido liberado pelo material orgânico e potencializado pela água da chuva, que leva consigo elementos como sulfatos, cloretos, amônia, nitritos, nitratos e constituintes patogênicos (bactérias e vírus). Considera-se o subsolo um dos ambiente mais propícios à proliferação de micróbios. Para Elis o material apto à liberação de resíduos nocivos chega a 65% de todo o lixo produzido, sendo os outros 35% materiais recicláveis, excluindo pilhas e baterias, que se encaixam no primeiro grupo.

A situação é mais alarmante nos lixões, a forma mais precária de disposição, em que o material é simplesmente despejado em uma área escolhida aleatoriamente. Se as condições contribuírem, o subsolo em um raio de um quilômetro centrado abaixo de um lixão pode ser facilmente contaminado. Atualmente, 76% do lixo produzido no Brasil vai para lixões, daí a possibilidade de serem muitas as áreas que se encontram em situação arriscada.

Segundo Elis, a forma ideal de disposição é o aterro sanitário, para o qual apenas 10% do lixo brasileiro é destinado, e cujo processo de seleção inclui duas fases, em que são analisados aproximadamente quarenta aspectos, entre eles a já mencionada porosidade do solo, a profundidade do lençol freático e a pluviosidade da região. O resultado é um local completamente seguro, em que solo, subsolo, ar, e água estarão livres de contaminação. Canais colhem o chorume que é especialmente tratado ou circula novamente pelo aterro, para evitar qualquer infiltração.

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