ISSN 2359-5191

15/03/2000 - Ano: 33 - Edição Nº: 01 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Poli estuda adição de polímeros em contrapiso

São Paulo (AUN - USP) - O Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP está desenvolvendo pesquisa para avaliar a utilização de polímeros na confecção de contrapisos. O estudo tem como objetivo, segundo a professora Mercia Maria Semensato Bottura de Barros, conhecer as reais propriedades dos materiais atualmente utilizados e, assim, determinar o teor adequado de polímero para cada caso. A pesquisa está sendo desenvolvida em um projeto de iniciação científica para ampliar os resultados do trabalho concluído no ano passado.

Os polímeros estudados foram o PVA (acetato de polivinila), mais utilizado no mercado, o Acrílico, mais caro e recomendado pelos fabricantes, e o SBR (estireno butadieno), um novo polímero que custa um quarto do preço do acrílico. A pesquisa atual estuda o desempenho de outros materiais na tecnologia dos contrapisos.

O contrapiso é uma camada de argamassa — areia, cimento e água — depositada sobre a laje, com a função de corrigir imperfeições e, no caso de pisos de banheiros ou sacadas, evitar a presença de umidade. A adição de polímeros é normalmente utilizada para conceder a um contrapiso uma propriedade chamada estanqueidade. Diferentemente da impermeabilização — que não permite a passagem de nenhuma umidade — a estanqueidade consiste em uma membrana que se forma no interior do contrapiso e que, mesmo havendo infiltração pelos poros superficiais, não permite que a umidade o atravesse. Além dessa propriedade, os polímeros também contribuem com a elasticidade e a aderência do contrapiso à laje.

Utilizando mais de cem corpos de prova em pesquisas que se estenderam até julho de 1999 dentro dos laboratórios da Poli, a pesquisadora realizou ensaios de resistência e estanqueidade para avaliar o desempenho de cada polímero. Mesmo com maiores proporções de areia na constituição da argamassa — ou seja, com uma mistura mais pobre — o SBR se mostrou superior aos outros polímeros, tanto no ensaio de estanqueidade quanto nos de resistência e aderência, auxiliando a derrubar o mito de que o mais utilizado pelo mercado (PVA) ou o produto mais caro (Acrílico) são os mais adequados.

O polímero acrílico apresentou muita absorção de ar, tornando a argamassa demasiadamente porosa, o que pode ocasionar maior permeabilidade e também maior risco de fissuras, para a passagem de água. Já o PVA, utilizado pela construção civil desde os anos 70, apresentou os piores resultados. “Esperávamos algo melhor dele, mas o uso tão comum do PVA é psicológico”, avalia Mercia, ao considerar que a falta de normalização prejudica o mercado e incentiva o uso inadequado de polímeros.

Com a utilização de apenas 10% de SBR, com uma parte de cimento para cinco de areia, o contrapiso mostrou melhor desempenho que utilizando 20% de acrílico, com uma parte de cimento para três de areia. Ou seja, é possível diminuir a proporção de polímero e, mesmo com uma argamassa mais pobre, otimizar as propriedades do contrapiso. Mercia observa que os fabricantes não produzem polímeros especificamente para o setor de construção civil.

Partindo de problemas como infiltrações ou o destacamento do piso, a pesquisa inicial também demonstrou que ocorriam excessos na execução do contrapiso. Camadas de 8 a 13 centímetros de argamassa eram depositadas sobre a laje do edifício. “Era praticamente uma laje sobre a outra”, observa a professora.

Ela explica que, devido a processos como o de impermeabilização de um banheiro, todo o piso de um apartamento tem de ser elevado, para que não ocorram vazamentos. No entanto, a manta de impermeabilização exige uma camada de argamassa para a preparação e outra, para sua proteção mecânica, o que eleva todo o piso do apartamento em 6 ou 7 centímetros. “Conseguindo com que a própria camada de argamassa do contrapiso tenha a propriedade de barrar a umidade, não é necessário elevar tanto o piso do apartamento”, elucida a pesquisadora.

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