São Paulo (AUN - USP) - O Serviço de Assessoria Jurídica Universitária da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Saju) realiza discussões, aulas e auxilia a produção do jornal comunitário Tá Ligado!, elaborado por jovens de Capão Redondo.
Nas atividades realizadas no Centro Comunitário Chico Mendes, os estudantes incentivam discussões sobre cidadania e participação, de modo a deixar que os próprios jovens construam seus conhecimentos. Segundo o universitário Daniel Ribeiro, a idéia é “dar ferramentas para que eles possam ter uma atuação de mudança”. As teorias pedagógicas de Paulo Freire são utilizadas para desenvolver um aprendizado crítico direcionado pelos interesses dos jovens, sem o linguajar complexo próprio do campo do Direito.
O desafio da atividade de extensão é transportar as informações acadêmicas, da legislação e do Direito para a sociedade, sem simplificar demais mas também sem repetir o jargão acadêmico. É importante conquistar a confiança da comunidade, desmistificar o Direito e os profissionais da área para estimular o uso do mundo jurídico pela cidadania.
Os alunos saíram da primeira aula satisfeitos e surpreenderam-se com o método aplicado. A moradora do Capão Redondo Sandra Costa, 25 anos, entusiasmou-se com as propostas e as discussões sobre o meio social e a comunicação.
Para os universitários participantes, o contato do estudante de Direito com a realidade social é essencial para a formação profissional. O Saju é procurado por ser uma oportunidade de trabalho voluntário: tornar-se “um profissional com mais consciência social” é um dos atrativos da atividade de extensão, conta o calouro Eduardo Kotake. No entanto, a entidade não desperta o interesse de parte da comunidade de Faculdade de Direito. Este ano, o Saju teve que suspender os horários fixos de orientação jurídica no Centro Comunitário devido a falta de voluntários.
Além da educação jurídica, uma aula semanal de redação é oferecida aos jovens do Capão Redondo por meio de uma associação com o Projeto Redigir (atividade de extensão da Escola de Comunicações e Artes). Ainda, há um grupo de estudo da questão fundiária que realiza trabalhos de campo no bairro a fim de analisar as possibilidades de regulamentação dos lotes e de reurbanização. Em parceria com a prefeitura, o Saju também atua em Paraisópolis para a legalização de terras com a assessoria de advogados formados. A educação jurídica também vai estender-se à Penitenciária Feminina do Butantã.
Histórico
O Saju nasceu há três anos dentro do Centro Acadêmico XXI de Agosto. Hoje possui independência administrativa, mas ainda depende de verbas do Centro Acadêmico. Convênios com a prefeitura financiam alguns trabalhos: o jornal Tá Ligado! com tiragem de 4000 exemplares, por exemplo, recebe por volta de R$10 mil por ano do Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) da Secretaria de Cultura. O orçamento do Saju para 2005 ainda não está assegurado, nem pela prefeitura nem pelo Centro Acadêmico.
Como associação, o Saju ainda está em processo de regulamentação e registro para ser reconhecido pela Universidade. Todas as atividades são desenvolvidas por alunos da Faculdade de Direito, com eventualmente um apoio informal de professores.