ISSN 2359-5191

07/04/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 02 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Recursos marinhos podem colaborar no combate ao câncer

São Paulo (AUN - USP) - O tratamento do câncer por meio de drogas quimioterápicas muitas vezes causa transtorno aos pacientes. Além das células doentes, também são afetadas células sadias, resultando em inúmeros efeitos colaterais. Pesquisas em todo o mundo são realizadas com o objetivo de descobrir meios menos danosos para se combater um tumor. E a saída pode estar nas profundezas do mar.

A pesquisadora científica do Instituto Butantan e pós-doutoranda do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Marisa Rangel, estuda os produtos marinhos que possuem potencial biomédico, principalmente os antitumorais. Esponjas do mar são as mais visadas, pois apesar de serem animais bastante primitivos, uma vez que não possuem órgãos ou tecidos diferenciados, muitas contêm toxinas capazes de auxiliar no combate ao câncer. Foram descobertas recentemente, em esponjas do litoral brasileiro, substâncias que inibem o crescimento das células cancerosas, destruindo seus citoesqueletos.

Tais produtos ainda apresentam um grande benefício para os pacientes: “Foi verificado que culturas de células normais não são afetadas como as de células tumorais. Estes experimentos foram realizados apenas in vitro, e os testes em animais serão iniciados num futuro próximo, para confirmar o potencial quimioterápico destes compostos”, explica a pesquisadora.

A farmacologia marinha ainda está se desenvolvendo no Brasil. Segundo Marisa, há muito que ser descoberto: “Apesar do Brasil ter uma costa bastante extensa, parte de sua fauna e flora ainda é desconhecida, e seus potenciais biomédico e farmacêutico ainda são muito pouco explorados e estudados”. Além disso, o procedimento desde a exploração do recurso marinho até a formação do remédio pode demorar anos. Todas as etapas envolvidas na produção, desde a coleta dos animais e algas até a sua síntese química e testes finais, podem levar dez anos para serem finalizadas. E em bem menos de 1% dos casos o resultado é um novo medicamento lançado no mercado.

A pesquisadora afirma que, no momento, há uma negociação entre sua equipe de pesquisa e uma indústria farmacêutica, para que no futuro os antitumorais possam ser utilizados pela população. Ela lembra que ainda não há nenhum remédio no Brasil de origem marinha: “Existem alguns exemplos de medicamentos desenvolvidos no exterior, principalmente Estados Unidos e Japão. O mais conhecido e usado certamente é o AZT (azidotimidina), quimioterápico usado no tratamento da SIDA (AIDS)”.

Esponjas marinhas, algas, recursos marinhos em geral, se bem aproveitados, podem contribuir satisfatoriamente para o tratamento do câncer: “A iniciativa, tanto do governo como de instituições privadas, em financiar projetos de preservação ambiental, levantamento das espécies marinhas existentes, estudos de novas fontes de alimentos e a busca por novas substâncias provenientes de organismos marinhos, poderão ajudar no desenvolvimento de novos produtos e processos importantes para o país nos âmbitos econômico e social”, completa Marisa.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br