ISSN 2359-5191

21/11/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 102 - Arte e Cultura - Instituto de Estudos Brasileiros
A Batalha do Avaí, de Pedro Américo, é confrontada por pesquisadores
Estudantes do IEB colaboram com livro que traz detalhes sobre o quadro do artista brasileiro
"A Batalha do Avaí" está exposta na parede do Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro. Reprodução

Alunos da pós-graduação do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) descobriram a beleza da barbárie na famosa tela de Pedro Américo. Em colaboração com a professora Lilia Schwarcz, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) produziram o livro A Batalha do Avaí: A beleza da Barbárie, sobre a representação da Guerra do Paraguai pintada por Pedro Américo, lançado na última terça no Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

A obra ilustrada busca trazer os aspectos pouco estudados da pintura, além de apresentar pela primeira vez ao público brasileiro, documentos de instituições paraguaias sobre a guerra, ainda desconhecidos.

Lúcia Stumpf e Carlos Lima Junior são mestrandos do programa Culturas e Identidades Brasileiras do Instituto e entraram em contato com a professora Schwarcz em curso da FFLCH. Os mestrandos contam que o convite para participar da produção do livro veio da própria professora, ainda em fevereiro deste ano, quando tiveram a oportunidade de dividir a escrita desta que é uma obra coletiva.

Originalmente, os estudantes lembram que a proposta do trabalho era puramente revisionista, entretanto, ao se aprofundarem na bibliografia já produzida sobre o quadro, se deram conta de que seria possível avançarem em temas que não haviam sido abordados na literatura – voltados para uma análise acerca da história social da arte, que busca compreender a produção da obra a partir daquilo que está representado, além das críticas à tela.

Escondido entre as pinceladas

A obra é ilustrada e contribui para a apreciação da tela, com atenção aos detalhes. O projeto gráfico de Victor Burton, coordenador do livro, busca pôr em evidência aspectos pouco percebidos do quadro. O “Caderno de Imagens” traz várias ampliações de partes do quadro, com detalhes imperceptíveis a olho nu, mesmo para o expectador que se coloca diante da imensa tela preservada no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. O livro se atenta para as correlações que podem surgir entre a pintura e sua época.

Os pesquisadores ressaltam, por exemplo, a figuração do negro no quadro A Batalha do Avaí (1877). Evidenciam que ela aparece diluída em uma massa de combatentes brancos. Este fato, segundo os pesquisadores, dialoga com os debates da época da pintura sobre a presença dos negros alforriados no front de batalha.

Lembram também que a representação do exército brasileiro em oposição ao paraguaio. É um embate entre os civilizados e os bárbaros, em que os paraguaios estão descalços e vestindo trapos, enquanto a 'supremacia' do exército brasileiro é ressaltada pelas impecáveis fardas azuis. Esse discurso visual, dizem os pesquisadores, ia ao encontro daquele que circulava na época de que era um dever levar a civilização para a barbárie.  


Detalhe do quadro em que a 'supremacia' do exército brasileiro é ressaltada pelas
impecáveis fardas azuis. Reprodução

Do outro lado do Rio Paraguai

Para a execução do livro, os pesquisadores buscaram responder a algumas perguntas, como por exemplo, como os paraguaios retrataram a Guerra? Ainda que tivessem perdido o conflito, manteriam telas sobre ele? Para encontrarem as respostas, foi necessária até mesmo uma viagem ao Paraguai onde realizaram algumas buscas em arquivos, bibliotecas e institutos. A recompensa veio quando encontraram um livro que trazia reproduções de imagens cuja temática era a Guerra Grande – em especial, um quadro denominado A Batalha do Abay no Museo Nacional de Bellas Artes, em Assunção no Paraguai.

Os pesquisadores puderam então confrontar as duas representações da batalha – “Avahy” com “Abay”, que não é assinada nem ao menos traz data de produção. Além desta, outras imagens encontradas no Paraguai estão no livro, muitas inéditas ao grande público.

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