Empresas brasileiras fazem uso genérico dos serviços de computação em nuvem, no entanto, são serviços essenciais para o bom funcionamento delas. Os serviços como e-mail em nuvem, hospedagem de sites, aplicativos de processamento de texto e planilhas são exemplos de ferramentas que, caso não funcionem corretamente, afetam a operação da empresa. Estas observações são feitas por Neilson Carlos Leite Ramalho em dissertação de mestrado realizada na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. A pesquisa teve como ponto principal entender como a computação em nuvem é usada por empresas brasileiras.
O trabalho Um estudo sobre a adoção da Computação em Nuvem no Brasil, iniciado em novembro de 2010 e defendido em dezembro de 2012, analisou quais são os serviços utilizados, em que nível são classificados como serviços de computação em nuvem e as relações entre as características organizacionais, tudo isso dentro do ambiente empresarial. “Também relacionamos o uso da computação em nuvem com algumas teorias econômicas que são usadas para explicar a Terceirização de TI (Tecnologia da Informação)”, conta Ramalho, que foi orientado pelo professor Edmir Parada Vasques Prado.
O estudo permitiu concluir que empresas estrangeiras ainda predominam no fornecimento de serviços de computação em nuvem aqui no Brasil. Os serviços oferecidos por organizações nacionais são classificados em níveis baixo e médio. “Ou seja, embora sejam serviços de computação em nuvem, os mesmos não apresentam todas as características presentes na definição do termo”, explica.
Na escolha de um fornecedor de serviços de computação em nuvem, alguns dos critérios tidos com maior relevância pelo consumidor ou pelas empresas consumidoras foram a redução de custos e a maior disponibilidade.
Perfil das empresas
O estudo também analisou diferentes perfis de empresas e qual o tipo de necessidade delas em relação à computação em nuvem. Em empresas de pequeno porte, ou seja, aquelas que estão no mercado até aproximadamente cinco anos e têm faturamento anual de até R$ 16 milhões, os serviços utilizados são aqueles com pagamento por hora de uso. “Com isso, a Computação em Nuvem serve como meio de economia de capital, já que o pagamento por hora de uso dos recursos de TI evita gastos antecipados com infraestrutura”, explica.
Já as empresas de médio porte optam por planos com pagamentos mensais ou anuais. Elas geralmente utilizam serviços de hospedagem de dados e aplicações na web, necessidades contempladas por empresas nacionais, que geralmente tem um nível de armazenamento mais baixo que as estrangeiras.
Em organizações de grande porte, cujo faturamento anual fica acima de R$ 90 milhões e já estão no mercado há mais de dez anos, os serviços de computação em nuvem usados são aqueles gratuitos ou cujo pagamento é feito de acordo com o número de usuários ativos. A localização dos dados não pode ser escolhida, ou seja, o armazenamento pode ser feito na rede de qualquer país. Esse modelo está próximo ao oferecido por empresas estrangeiras. Os critérios de armazenamento variam e podem ser quantidade de dados armazenados ou trafegados, como o Dropbox por exemplo.
Investimento no Brasil
Ao destacar que há uma diferença entre os serviços de CN oferecidos por empresas nacionais e estrangeiras, a pesquisa sugere que as empresas brasileiras ainda necessitam de muito investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para acompanhar as tendências internacionais de grande força. A pesquisa também contribuiu na elucidação do termo “computação em nuvem” e estabelece um índice que pode ser um parâmetro na classificação dos serviços de TI de acordo com níveis de aderência ao conceito.