A prática de atividades físicas reduz a obesidade e atenua outros fatores de risco que levam a doenças cardiovasculares, mostram os estudos do professor Carlos Eduardo Negrão, que tratou sobre o assunto em evento recente, sediado no Instituto de Biociências (IB) da USP.
A obesidade – definida por um grande perímetro de cintura – vem aumentando e atingindo faixas etárias cada vez mais baixas no Brasil: “A razão disso, é uma vida menos ativa e um consumo de alimentos muito calóricos, em quantidades enormes”, explica Negrão. Além de ser um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, a obesidade associa-se ao desenvolvimento de outros fatores como colesterol alto, pressão arterial elevada e alto nível de glicemia.
Realizar atividades físicas diminui a circunferência abdominal e reduz também estes outros fatores de risco que a dieta, isoladamente, não é capaz, como apresenta Negrão: “Só com a dieta também se perde peso, mas a vantagem é que o exercício preserva a massa magra, quem não faz exercício, perde massa magra”. Ao associar dieta com exercícios em pacientes que possuíam três ou mais fatores de risco a doença cardiovascular – designado como síndrome metabólica – obtém-se resultados bastante significativos na prevenção da doença.
É bastante conhecido o fato de exercícios físicos diminuírem o valor total do colesterol. Mas este é dividido entre LDL e HDL que são, respectivamente, as classes consideradas, ruim e boa, ao ser humano, e os exercícios conseguem apenas aumentar os níveis do bom colesterol, sem mudanças no valor absoluto do mau. Mas, em suas pesquisas, Negrão descobriu que o tempo de passagem do LDL em indivíduos ativos é muito menor que nos sedentários: “O exercício não muda o LDL no valor absoluto, mas ele entra e sai da circulação mais rapidamente, ele predispõe menos o vaso a uma lesão”, diz. Além disso, o pesquisador explica que o LDL na forma oxidada é o mais prejudicial e, nos indivíduos que estavam realizando atividades físicas, seu tempo nesta forma também foi reduzido.
Outro teste aplicado foi a medição da pressão arterial por um período de 24 horas por meio de um exame chamado Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa). Primeiramente, os pacientes recebiam o aparelho de medição depois de permanecerem 45 minutos sentados no laboratório. Na semana seguinte, o exame começava depois de 45 minutos de atividade em bicicleta ergométrica. O resultado mostrou uma redução na pressão arterial no segundo caso: “A pressão é, todo o tempo, mais baixa, mostrando que uma única sessão de exercício é suficiente para diminuir a pressão ao longo de 24 horas”.
E com relação aos níveis de glicemia, as pesquisas apontam que, naqueles que foram submetidos à rotina de prática de exercícios, foi necessária uma quantidade menor de insulina para degradar o açúcar da circulação sanguínea, ou seja, houve redução na sensibilidade à insulina.