Nos dias 18 e 19 de novembro, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP recebeu o II Workshop on Astro and Paleobiology. Com 13 expositores convidados, o evento teve como tema principal os ambientes extremos e agregou diversas áreas da ciência que cada vez mais trabalham juntas, seguindo a tendência de multidisciplinaridade que cresce no mundo acadêmico.
Abordar um mesmo tema por diferentes pontos de vista dados por disciplinas diversas só enriquece o conhecimento adquirido. “Trabalhos multidisciplinares têm impacto maior”, ressalta Fábio Rodrigues, pesquisador associado do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP.
A astro e paleobiologia são áreas novas no Brasil, que ainda estão se afirmando como disciplinas independentes. A primeira se dedica ao estudo da origem, evolução, distribuição e futuro da vida, além de suas conexões com o ambiente espacial. Já a paleobiologia ajuda a entender as questões levantadas pela astrobiologia, estudando a vida passada na Terra.
As disciplinas tentam integrar várias áreas das ciências naturais, para reverter a alta especialização que se estabeleceu no meio científico. “Alguns desafios não podem ser resolvidos por apenas uma área, mas precisam de uma abordagem que integre diversos conhecimentos”, afirma a comissão organizadora do Workshop.
Além de apresentar trabalhos de pesquisadores da área, que possuíam especializações em geologia, astronomia, geociências, biociências, microbiologia e geofísica, o evento contou também com uma exposição de pôsteres e comunicações orais, com a contribuição de alunos. Um dos objetivos do Workshop era integrar pesquisadores e estudantes, de forma a facilitar a comunicação entre os dois lados e incentivar novas pesquisas em astro e paleobiologia, que por serem novidade, podem parecer de difícil alcance para os alunos.
Dicas para seguir a carreira
Ao final do segundo dia do evento, os organizadores promoveram um debate com o público sobre os desafios de seguir a carreira em astro e paleobiologia. Os palestrantes presentes contaram como foi o início de suas carreiras acadêmicas e deram conselhos aos estudantes presentes, a maioria ainda na graduação. Todos foram enfáticos ao afirmar que é preciso ser eternamente curioso e sempre questionar o que lhe interessa.
Os palestrantes ressaltaram a importância de ser persistente, por ser uma área nova e que ainda pode ser vista com desconfiança pelo restante do meio científico. Também é essencial focar em uma área específica para fazer carreira como pesquisador, ter paciência, estudar muito e buscar aquilo que atrai seu interesse, mas que possua aplicações na vida real.
Rede Brasileira de Astrobiologia
Neste ano foi criada a Rede Brasileira de Astrobiologia, que tem sede no Observatório Abrahão de Morais, do IAG, localizado na cidade de Vinhedo, em São Paulo. O grupo desenvolve pesquisas em temas como a detecção e caracterização de atmosferas de exoplanetas e luas do Sistema Solar, interação entre vida e eventos astrofísicos e microbiologia de ambientes extremos como análogos astrobiológicos, entre outros.
Fábio Rodrigues, integrante da Rede de Astrobiologia, conta que ainda é difícil encontrar material em português sobre o tema, o que dificulta sua propagação. Mas afirma que a Rede está trabalhando nessa questão. “Um dos desafios que nós temos é como passar informações de modo cientificamente correto e ao mesmo tempo acessível”, conta. Para conhecer mais informações sobre o grupo e suas áreas de pesquisa, acesse o site http://www.astrobiobrasil.org/index.php/pt_br.
O II Workshop on Astro and Paleobiology teve apoio do IAG, do Núcleo de Pesquisa em Astrobiologia da USP, do Instituto de Geociências, CNPq, Instituto Biovida e da Rede Brasileira de Astrobiologia.