São Paulo (AUN - USP) - Após extenso trabalho na área de desenvolvimento e diferenciação celular em plantas, pesquisador do Instituto de Biociências da USP promete uma técnica de modificação genética em orquídeas em breve. “Será uma inovação tanto para pesquisas quanto para laboratórios comercias, que poderão produzir exemplares de maior qualidade”, afirma Gilberto Kerbauy, professor do Departamento de Botânica da USP.
“O fato de todos os eventos de diferenciação celular vegetal acontecerem em uma área da raiz com menos de um milímetro, faz desse material um ótimo objeto de pesquisa”. Foi a partir dessa constatação que Kerbauy iniciou seus trabalhos no estudo dos mecanismos envolvidos na regulação da diferenciação celular das plantas. Devido à complexidade dos processos, as pesquisas são desenvolvidas em um ambiente multidisciplinar. “Utilizamos técnicas diversificadas de bioquímica, biologia molecular, cultura de tecidos e dosagens hormonais”, explica o pesquisador.
Apesar de serem técnicas utilizadas no mundo inteiro, Kerbauy conta com uma vantagem: sua posição geográfica. “As plantas brasileiras são pouco conhecidas em relação aos modelos temperados, encontrados nos países cientificamente mais desenvolvidos”. A produção de hormônios nas orquídeas e bromélias é extremamente elevada, o que facilita muito os estudos dessas substâncias e possibilita novas abordagens na pesquisa do desenvolvimento vegetal.
Desse modo, foi possível aprofundar o entendimento de como os fatores externos, como iluminação e temperatura, e internos, como hormônios e metabolismo de nutrientes, influenciam na diferenciação celular e desenvolvimento das plantas. Atualmente, as pesquisas encontram-se tão avançadas que já possibilitam a análise da ação gênica nesses processos. “Nosso objetivo, a médio prazo, é a obtenção de plantas geneticamente modificadas.
Professor titular desde 1974, Kerbauy lidera as pesquisas da Universidade na área de desenvolvimento de plantas de grande porte. Esse ramo da biologia é um dos mais estudados nos últimos cem anos, mas ainda permanece pouco compreendido. “Trata-se de um processo extremamente complexo, envolvendo controles ambientais, como luz, temperatura e nutrientes, aos quais as plantas têm que responder ao longo das estações do ano”.
Suas pesquisas se intensificaram a partir de 1976, respondendo a uma deficiência nacional. “Era necessário estabelecer no país uma técnica de clonagem de orquídeas, pois remetíamos nossos melhores exemplares para laboratórios estrangeiros”. A partir daí, foi possível intensificar os estudos das primeiras células vegetais, chamadas de tecidos meristemáticos. Desde o início, Kerbauy recebeu financiamento para suas pesquisas da Fapesp e CNPq. Os resultados podem ser conferidos em diversas publicações, nacionais e internacionais.