São Paulo (AUN - USP) - O Projeto Tecer desenvolve pesquisas e estratégias no tratamento de crianças com distúrbios mentais como o autismo.A idéia, encabeçada pela professora Jussara Falek, do Departamento de Psicologia Clinica do Instituto de Psicologia da USP, teve inicio em 2002 com o patrocínio da FAPESP e foi embasada por 15 anos de pesquisas que tiveram como resultado o aprimoramento de táticas para o tratamento de crianças com distúrbios.Foi justamente para ilustrar esses avanços que surgiu a idéia do documentário intitulado “Nó Na Garganta”.
O “Tecer” é constituído por duas partes, sendo a primeira, um serviço de atendimento psicológico realizado gratuitamente dentro da Universidade. Além das salas de atendimento clínico, o projeto possui um espaço munido de brinquedoteca, sala de apoio pedagógico, cozinha e oficina de música, no qual cerca de dez crianças realizam atividades, artísticas, musicais, jogos e brincadeiras com acompanhamento individual de monitores. O objetivo é incluir a criança em atividades do cotidiano social como brincadeiras e freqüência à escola que são consideradas fundamentais para o acabamento do processo de reabilitação.
O “Nó Na Garganta” se concentrará não no atendimento psicanalítico propriamente dito, mas nas atividades das oficinas realizadas pelas crianças que ocorrem uma vez por semana.Nas palavras de Falek, a idealizadora do projeto: “A importância desse documentário é em primeiro lugar a mudança de opinião, é mostrar para as pessoas que as crianças excepcionais podem aprender, brincar, podem ter a existência de uma criança comum o que, infelizmente, no meio brasileiro, não é visto dessa maneira”
Segundo Felipe Brauer, responsável pelas filmagens, muitas pessoas não acreditam que essas crianças tenham a capacidade de realizar certas atividades e o intuito é mostrar por meio das imagens o desenvolvimento delas através da própria evolução do projeto ao longo dos quatro anos, tempo de duração do laboratório.
A captação de imagens teve inicio no final de 2003 e a equipe de filmagem acaba fazendo parte do projeto.De acordo com Brauer as crianças se acostumam à presença da câmera e começam a interagir com ela. Ocasionalmente as imagens são exibidas para elas, o que é considerado benéfico para o processo de reconhecimento de seu papel no grupo e de si mesmas.
Com cerca de 24 horas de gravação captadas ao longo de um ano, a idéia é reunir mais material para a composição de um documentário de uma hora ou segmentá-lo em partes com meia hora de duração.E até o meio do ano será organizado um evento no qual uma primeira edição será exibida para médicos, professores, psicanalistas e psicólogos e depois de finalizado o público-alvo será emissoras de televisão e festivais de cinema nacionais e internacionais.