ISSN 2359-5191

04/12/2013 - Ano: 46 - Edição Nº: 111 - Economia e Política - Escola de Educação Física e Esporte
Má gestão esportiva prejudica desempenho olímpico brasileiro
Foto: Jude Freeman / Wikimedia Commons

Segundo estudos realizados na USP, a ausência de sucesso do Brasil nos Jogos Olímpicos se dá principalmente pela má gestão das federações esportivas do país. Essa é a principal conclusão obtida, a partir da narrativa de atletas, nas pesquisas do Grupo de Estudos Olímpicos da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.

Segundo Kátia Rúbio, coordenadora do grupo, “é inacreditável o que o Brasil conquistou no esporte tendo em vista a estrutura que os atletas possuem para tocar a vida, o esporte olímpico nesse país é uma grande aventura”.

O Brasil nunca investiu tanto no esporte como hoje. Cerca de um bilhão de reais serão injetados no alto rendimento até 2016. Entretanto, esse dinheiro não está gerando qualidade para as modalidades. A falta de bons profissionais na gestão impede que isso se reflita no atleta.

A partir dos anos 90, com o processo de profissionalização dos atletas, imaginava-se também o mesmo para a administração, o que não ocorreu. Há uma estrutura profissionalizada para os esportistas que não corresponde à gestão. “Esta continua amadora, corrupta, influenciando no desenvolvimento da carreira dos atletas”, destacou a pesquisadora.

Não há políticas de desenvolvimento, de popularização  e de melhora de estrutura, o que é visível no baixo desempenho dos praticantes e no não atendimento da expectativa gerada pela quantidade de dinheiro aplicado.

Ciência e Esporte

O Grupo de Estudos Olímpicos dedica-se a  entender o que acontece com o esporte brasileiro a partir da visão do atleta. Desde 2001, desenvolve pesquisa em que busca visualizar a dinâmica do esporte brasileiro a partir da história de vida dos atletas olímpicos.

No início, os pesquisadores buscaram compreender a jornada dos medalhistas, depois passaram para a vida das mulheres, e atualmente estudam todos os atletas que participaram dos jogos. Esse mês, o grupo atingiu 1000 entrevistas, que estabelecem um panorama da história dos esportistas de 1920 á 2013.

Um dos objetivos da pesquisa é tentar entender como se dá a organização e estruturação do esporte olímpico brasileiro e a expectativa de criação de novos atletas. A expectativa é compreender o imaginário do esporte brasileiro, como se constitui e influência na construção de novas identidades olímpicas no país.

A professora afirma que todo esporte possui dificuldades e cada um apresenta singularidades, o que gera processos de organização e desenvolvimento diferenciados. “O remo, por exemplo, foi absolutamente forte nos anos 40 e hoje é uma modalidade quase morta, se não houver uma renovação, ela tende ao desaparecimento.” Há também o aparecimento de novas modalidades que iniciam com muita força como o vôlei de praia e a canoagem.

Para suprir a demanda de medalhas, hoje há uma política de naturalização de atletas estrangeiros. “O Brasil procura os atletas onde estão, ao invés de montar um processo de construção e desenvolvimento. Para preencher as vagas garantidas por sermos um país sede, busca-se atletas que nunca haviam praticado a modalidade em escolas, por exemplo.”

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