O treino voltado para o aumento da força pode auxiliar jogadores da modalidade voleibol em seu desempenho em certas ações, o estudo é de Katia Pascoto, da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. O objetivo da dissertação de mestrado era verificar a interferência do ganho de força e potência no desenvolvimento técnico-tático das jogadoras no contexto de jogo e não isoladamente.
O grande paradigma que a pesquisadora decidiu investigar era a generalização que outros estudiosos aplicavam nas relações entre esse tipo de treinamento e a melhora do desempenho das atletas. Segundo Katia, há diferenças entre o seu trabalho e a aplicação do método de intervenção e verificar os resultados através de um teste isolado, de salto, por exemplo, supondo que o desempenho esportivo nas condições de jogo melhoraria, nesse caso o ataque. Ela afirma que estudos como o dela “podem influenciar o esporte em geral de modo que os pesquisadores passem a tratar o treinamento de força de forma diferente, mudando os designs experimentais”.
Resultados da intervenção
A pesquisa foi realizada com duas equipes amadoras divididas internamente em grupo controle e grupo experimental, esse último submetido aos treinamentos de força e o outro apenas ao treino técnico-tático específico do voleibol. Avaliações físicas e de jogo foram realizadas antes e depois da intervenção. Para obter os resultados, os grupos foram comparados nos aspectos físicos e táticos.
Inesperadamente Katia observou que o experimental obteve uma melhora física, mas que não foi significante em comparação ao outro. Entretanto, em algumas variáveis de técnica, houve uma grande evolução, especialmente naquelas que exigiam deslocamento prévio para realização de alguma ação.
Os bloqueios duplos, por exemplo, tanto sua efetividade quanto frequência, aumentaram. O mesmo ocorreu com os levantamentos, especialmente quando as especialistas nesse fundamento não recebiam a primeira bola. Entretanto, nas ações de saque e recepção, não houve grandes diferenças depois dos treinamentos de força. A estratégia e a tática, tomada de decisão, parecem ser mais determinantes do que os efeitos da intervenção nas últimas variáveis.
“O treino físico é capaz de auxiliar o desempenho esportivo, por isso essa prática deve ser atrelada ao exercício técnico nas equipes que buscam o alto desempenho”, conclui a pesquisadora. Para as bloqueadoras centrais, por exemplo, seria interessante o ganho de potência, para que elas aumentassem a frequência e a qualidade dos bloqueios duplos, melhorando o desenvolvimento do contra-ataque.