Avaliações técnicas realizadas por computador podem auxiliar no julgamento de cavalos de salto em liberdade. Foi o que concluiu a pesquisa de Patricia Miyashiro, realizada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP. Por ser mais objetiva, a análise é precisa na avaliação das qualidades técnicas e difere das conclusões dos jurados.
Para o estudo, 13 cavalos da raça brasileiro de hipismo foram filmados durante uma competição de salto em liberdade. Os vídeos foram analisados por meio de um software que calculou o centro de massa e outras variáveis a partir das coordenadas dos segmentos corporais dos animais. A avaliação biomecânica pode ser útil não apenas nos campeonatos, mas também na rotina de treinamentos do cavalo de salto, fazendo uso de equipamentos menos sofisticados e acessíveis.
A pesquisa focou apenas nas variáveis cinemáticas, ou seja, as que descrevem especificamente o salto do animal. “Essas variáveis nos dizem, por exemplo, qual altura o cavalo alcançou durante o salto, quanto ele flexionou ou encolheu os membros, entre outros fatores determinantes”, conta Patricia.
Análise não muda resultado de campeonato
“É possível implantar análises biomecânicas pois não é necessário utilizar muitos equipamentos. Apenas uma câmera e um software de análise são capazes de fornecer informações relevantes.” Essa avaliação pode auxiliar nas provas de salto em liberdade, mas não é capaz de mudar o resultado de competições tradicionais de hipismo, uma vez que nesses campeonatos os quesitos avaliados são as faltas e o tempo de percurso.
Os resultados dos juízes durante a competição analisada são consistentes entre si. “Quando um juiz dá nota alta ou baixa para um cavalo, os demais juízes dão notas semelhantes. É possível perceber uma tendência nas notas de cada um.” O jurado tende a dar notas altas ou baixas independente do item avaliado. Além disso, durante a competição os juízes têm contato uns com os outros, o que pode influenciar no resultado.
Patricia conta que desde jovem pratica hipismo e que isso gerou a curiosidade em saber como os animais se movimentam. “Quando iniciei o trabalho, gostaria de fazer algo semelhante ao que é feito com os atletas humanos, que recebem assessoria esportiva para melhora do desempenho.”
Há uma escassez de referências nacionais sobre temas relacionados a biomecânica e a cavalos atletas no Brasil. “Por sorte, tive um grande apoio da pesquisadora belga Sandra Nauwelaerts, que eu conheci no meu estágio obrigatório no McPhail Equine Performance Center, nos Estados Unidos. Ela me ajudou muito com a metodologia e estatística do trabalho.”