O uso de estruturas tensionadas feitas com tecidos de poliéster e PVC está em crescimento no Brasil e é visto como uma boa solução arquitetônica por profissionais na área, mas ainda enfrenta dificuldades como a carência de técnicos preparados para lidar com o material, falta de legislação específica, o desconhecimento das possibilidades de uso e, consequentemente, a carência de clientes em potencial. Estas são conclusões de uma pesquisa desenvolvida na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, pela engenheira têxtil Regina Guidon de Assis.
A dissertação de mestrado Um estudo sobre arquitetura têxtil no Brasil: o segmento de mercado das estruturas tensionadas feitas com membranas poliéster/PVC, orientada por Claudia Regina Garcia Vicentini, teve como objetivo entender o mercado da arquitetura têxtil no Brasil, ou seja, analisar o uso das estruturas, mais especificamente aquelas estruturas que utilizam um material têxtil composto por tecido de poliéster recoberto com PVC (cloreto de polivinila). O estudo teve viés mercadológico e analisou como esse tipo de solução arquitetônica é vista pelos profissionais que atuam na área.
O produto
As estruturas tensionadas feitas com tecidos de poliéster/PVC - usualmente chamados de membranas - são projetos arquitetônicos usados para coberturas de grandes espaços. São usadas tanto para eventos temporários quanto para coberturas permanentes (cerca de 20 anos). As tendas comuns geralmente usam ‘lonas’ mais simples, também feitas de poliéster/PVC.
“A membrana é o material têxtil que vai ser esticado e usado para cobrir o local. Normalmente a estrutura é metálica e a parte têxtil é esticada e presa por cabos, chamados de sistema de ancoragem, que são materiais que fazem a membrana ficar totalmente tensionada”, explica. O conjunto composto pelo material têxtil e por elementos metálicos (ou até mesmo ar, no caso de estruturas pneumáticas) é mantido esticado, com perfeito equilíbrio de forças.
O tecido técnico que compõe a membrana é um produto que recebe um acabamento especial para que ele tenha uma característica diferenciada ou desempenhe um determinado papel. No caso estudado, a pesquisadora teve como principal foco o material específico para arquitetura têxtil, com capacidade para resistir às intempéries como sol, chuva e vento. O filamento de poliéster usado para fazer o tecido o tecido estruturante deve ser de alta tenacidade. E o PVC na forma de pasta é colocado sobre o tecido.
Usos e dificuldades
O material foi escolhido para o trabalho por ser o mais encontrado nas estruturas têxteis no Brasil e isso acontece por ser o material mais barato e de acesso mais fácil. Essa solução arquitetônica está em crescimento no país, o que é visto com bons olhos pelos especialistas. Apesar disso, o Brasil ainda enfrenta a escassez de profissionais devidamente preparados para trabalhar na área e há pouco conhecimento a respeito das características possíveis do material por parte dos clientes em potencial.
Os eventos esportivos que o Brasil vai sediar em 2014 e 2016 tendem a ajudar a disseminação desse tipo de solução arquitetônica, muito usada em estádios, tendas olímpicas e espaços para shows fora do País. Uma das vantagens é o fato do material permitir a passagem de luz, mas ao mesmo tempo servir de proteção contra os raios ultravioletas. A questão custo-benefício também tem que ser analisada: “quando o espaço não é muito grande, precisa-se fazer um cálculo para ter certeza que ela é a melhor opção, economicamente falando. Normalmente essas são coberturas indicadas para grandes espaços e não para espaços pequenos”, explica a pesquisadora.
A preocupação com a manutenção e limpeza ainda consiste em um empecilho para a instalação das estruturas tensionadas por parte dos clientes. Segundo a pesquisadora, em regiões de extrema poluição, por exemplo, o uso pode ser mais complicado, devido à constante sujeira que se acumula nas estruturas. A arquitetura ousada gera um impacto visual interessante e chama atenção pela beleza, mas exige manutenção adequada para evitar a deterioração e manter o apelo estético.
Existem materiais de melhor qualidade que têm acabamento especial adequado para evitar a sujeira e aumentar a durabilidade, porém o consumidor deve estar preparado para arcar com um produto mais caro. Um exemplo é a fibra de vidro recoberta com teflon, que é um material auto limpante e muito resistente. Um arquiteto ou projetista tem condições de indicar o melhor material e as condições apropriadas para uma instalação adequada das membranas.
O estudo contribui para a criação de um panorama do mercado de tecido técnico voltado para a arquitetura no Brasil. A pesquisadora também apresenta uma solução moderna e arrojada que pode ser uma grande tendência no país, devido à sua praticidade e grande versatilidade.