ISSN 2359-5191

20/04/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 04 - Saúde - Faculdade de Odontologia
Piercings orais ameaçam a saúde

São Paulo (AUN - USP) - Estética, beleza, moda, enfim são alguns dos motivos que levam os jovens a usar piercing , tanto orais como em qualquer outra parte do corpo. Segundo a professora da disciplina de Clínica Integrada e do Setor de Urgências da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, Isabel Peixoto Tortamano, os cirurgiões-dentistas são importantes no momento da implementação do acessório nas diversas regiões bucais e também na sua manutenção. No entanto ela afirma que nem sempre as pessoas procuram o cirurgião-dentista para receber orientações previamente à instalação do acessório e o que vem acontecendo é que quando procuram pelo cirurgião por outro motivo ou devido a algum dano causado pelo próprio piercing é que são orientadas. E acrescenta “mas para tal o cirurgião-dentista deve estar a par dos riscos, complicações e das implicações dentárias associadas”.

Os piercings bucais também provocam danos à gengiva causando a recessão gengival, que é mais freqüente, seguida pela fratura dos dentes além de outras complicações mais sérias. A recessão gengival é quando a gengiva desce nos dentes inferiores ou sobe para os superiores deixando o colo do dente exposto. O colo do dente corresponde ao limite entre a região da raiz que é recoberta pelo cimento e a região da coroa, que é recoberta pelo esmalte, e onde, às vezes, a dentina fica exposta causando muita sensibilidade além de favorecer o acúmulo de resíduos alimentares favorecendo o aparecimento da doença da gengiva.

O tipo de piercing mais associado à fratura dental é o de língua, ou seja, a barra translingual. No entanto, esse tipo de piercing também está associado a recessão gengival. Quando a fratura do dente acontecer deve-se imediatamente procurar o cirurgião-dentista para que ele possa avaliar a extensão dessa fratura; se só de esmalte ou dentina, uma restauração poderá resolver o problema; se atingir o nervo do dente, deverá ser realizado também, além da restauração, o tratamento do canal do dente.

Para minimizar os riscos o piercing deve ser instalado por um profissional habilitado e adequadamente treinado, em ambiente limpo e com instrumental esterilizado. O objeto deve ser feito de material inerte e não tóxico como o aço inoxidável, ouro 18 quilates ou titânio. Após a sua colocação o objeto deve ser removido para limpeza após as refeições, o mesmo deve ser feito antes de dormir para evitar o risco de deglutição. Também alimentos duros devem ser evitados e deve-se tomar cuidado ao praticar esportes radicais. No pós-operatório, recomenda-se o uso freqüente de um anti-séptico bucal e evitar álcool, comidas apimentadas e fumo.

Riscos e alterações que podem ser relacionados à instalação dos piercings

Morte do dente por trauma
Dificuldade de fala e mastigação
Desenvolvimento de hábitos parafuncionais
Infecção por instrumentos não esterilizados
Transmissão de hepatite B, AIDS, tétano, sífilis e tuberculose.
Perda de paladar
Dormência tecidual permanente
Formação de cistos profundos
Danos a veias e nervos superficiais
Formação de hematoma e neuroma
Aspiração do ornamento
Hipersensibilidade ao metal
Hipersalivação
Hemorragia
Crescimento tecidual localizado
Obstrução de imagens radiográficas

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