Estresse gerado por calor diminui a imunidade de frangos de corte, deixando-os mais suscetíveis à doenças. Nos casos em que o frango está infectado com salmonela, há uma propensão à bactéria se espalhar para outros órgãos do corpo. A pesquisa foi realizada por Wanderley Moreno Quinteiro Filho na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP.
Foram utilizados 232 frangos durante a pesquisa, doze animais por metro quadrado “que é a condição ideal para o bem estar desses animais e é o que deve ser praticado na produção convencional de aves”, afirma Quinteiro. “Concluímos que quando o animal é estressado com 31°C durante a sua última semana de vida e é infectado com salmonela a imunidade dele cai expressivamente. Entre o que podemos notar foi a diminuição de peso e um aumento do nível de corticosterona, conhecido como o hormônio do estresse.” Além disso, percebeu-se a migração da salmonela para outros órgãos como o fígado, o baço e a medula óssea. “Acreditamos que isso se deu em função da diminuição do sistema imune.”
Quinteiro participa de um grupo de pesquisa em neuroimunomodulação. O projeto existe há mais de 15 anos e busca relacionar o sistema nervoso central com o sistema imune de animais e seres humanos. “As pesquisas realizadas no departamento de patologia aqui da FMVZ eram sempre voltadas a camundongos e ratos. Mas eu sentia falta de trabalhar com outros animais. Então surgiu a oportunidade de realizar pesquisas em aves e eu aceitei.”
O frango de corte vive aproximadamente 42 dias. Durante esse período as temperaturas ideais desse animal mudam. Na sua última semana de vida, a regulagem ideal é de 21°C. “Mas é muito difícil no Brasil encontrar um lugar onde a temperatura ambiente seja essa”, quando a temperatura não é controlada, ocorre uma queda na imunidade e os frangos perdem a capacidade de se defender contra algumas doenças.
Alternativas para controlar a queda de imunidade
O sistema produtivo de aves no Brasil sofre com a salmonela e com o estresse por calor. O país é o maior produtor e exportador de aves do mundo “sendo assim, é necessário buscar alternativas para controlar a temperatura. Isso, além de aumentar o bem-estar dos animais, também melhora a capacidade imunológica deles, levando a um gasto de dinheiro menor no controle de doenças.”
Quinteiro atualmente busca alternativas para controlar a queda de imunidade dos frangos de corte. “Durante o período que passei no Canadá pesquisando para o doutorado, estudamos lactobacilos, conhecidos por serem estimulantes da imunidade. Pretendo continuar uma parceria com os pesquisadores canadenses e descobrir se os lactobacilos são uma alternativa viável para a queda na imunidade.”