ISSN 2359-5191

04/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 05 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Clones de bovinos serão comercializados

São Paulo (AUN - USP) - A clonagem bovina no Brasil deixará de ser somente destinada à pesquisa e passará a ser utilizada no mercado. Em meados de abril foram apresentados pelo professor Flávio Meirelles (Faculdade de Zootecnia e Engenharia de alimentos – FZEA –USP) três bezerros clonados da raça nelore destinados a fins comerciais. Além disso, outras oito gestações estão em andamento. Esse projeto foi desenvolvido em parceria da USP com a Vitrogen - Pesquisa e Desenvolvimento em Biotecnologia da Reprodução S/C Ltda.

Entretanto, esses não são os primeiros animais clonados produzidos pela Universidade de São Paulo. O professor José Antônio Visintin, responsável pelo Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP), juntamente com a professora Mayra Elena Ortiz D’Ávila, foi diretor da equipe que criou, no Brasil, o primeiro clone com base em uma célula somática diferenciada jovem, o Marcolino (que completou três anos no dia 27 de abril). Além disso, sua equipe gerou também o primeiro clone (a continuar vivo) com base em uma célula somática diferenciada adulta, a Bela. “Embora a Penta tenha sido feita em Jabuticabal também com célula adulta, ela morreu com um mês. Então a Bela foi o primeiro clone vivo de célula somática adulta”. Ela já está com um ano e meio.

Visintin afirma que os bezerros clonados para uso comercial serão bastante úteis também à pesquisa, uma vez que, como mais clones serão produzidos, outras experiências poderão ser feitas. Por exemplo, Marcolino e Bela nasceram através de cesariana, pois havia a preocupação de que o parto não ocorresse no período correto ou que fosse problemático. Com um número maior de clones, partos normais poderão ser feitos, entre outros.

Para serem comercializados, os bezerros devem estar registrados na Associação Brasileira de Criadores de Gado Zebu (ABCZ), depois de identificadas e comunicadas todas as fases da gestação (como filiação, fecundação etc); se forem clones, devem ser feitos alguns testes de DNA. A legislação nessa área é muito falha, o que preocupa tanto os pesquisadores como as empresas e a ABCZ. Espera-se, entretanto, que uma solução seja encontrada em breve.

Quando questionado em relação ao fato de os clones já nascerem “velhos”, Visintin explica que essa possibilidade se deve ao encurtamento do telômero, uma parte dos cromossomos: “a medida que uma célula vai se dividindo, seu telômero vai encurtando. Isso ocorre devido a uma enzima chamada telomerase que repele a ponta desse cromossomo. Num animal adulto, suas células vão sofrendo divisões. Conforme o animal vai ficando mais velho, menor é o telômero”. Todavia, existem técnicas para que o tamanho do telômero seja medido. Por mais que a USP possuísse a tecnologia, não tinha animais. Assim, Visintin espera que até o final do ano os telômeros de Marcolino e Bela já tenham sido medidos. Porém, afirma de antemão: “A saúde de ambos está perfeita. Inclusive já faz cerca de um ano e meio que nós coletamos o sêmen do Marcolino, com o qual está tudo bem. Nós estamos esperando a Bela começar o ciclo dela (deve demorar cerca de seis meses), mas aparentemente está tudo normal, não há nada diferente”.

Além dos benefícios para a pesquisa, a comercialização de clones será responsável pela democratização do alto valor genético. Uma vez que a utilização de um animal de grande valor genético será mais longa (através de seus clones), seu sêmen se tornará mais barato, o que fará com que pequenos e médios criadores tenham acesso a sêmen de alta qualidade a preços mais baixos. No entanto, Visintin adverte: ”Não podemos fazer vários clones somente de um animal. A clonagem deve multiplicar os melhores animais, mas com aumento da população e manutenção da diversidade genética”.

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