ISSN 2359-5191

04/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 05 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Estudo investiga falhas na defesa do organismo

São Paulo (AUN - USP) - Estudar os mecanismos que causam a doença CVID (Imunodeficiência Comum Variável), que pode levar a doenças como sinusite, pneumonia e infecções gastrintestinais, é o objetivo da pesquisa desenvolvida pelos professores Maristela Martins de Camargo e Luiz Vicente Rizzo, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Os pacientes atingidos por essa doença possuem concentrações muito baixas de anticorpos, o que os deixam muito mais suscetíveis a doenças infecciosas. Esses anticorpos são proteínas que circulam na corrente sangüínea e que, entre outras funções importantes, participam da neutralização de toxinas e microorganismos.

Em seus experimentos, os pesquisadores verificaram a ocorrência de um defeito no processo de formação dos anticorpos: “Nos descobrimos que um fator de transcrição (molécula que participa da ativação de genes) chamado XBP-1, importante para a maturação das células produtoras de anticorpos (células B), apresenta-se defeituoso num sub-grupo de pacientes com CVID”, explica Maristela. A falha nesta proteína XBP-1 faz com que os anticorpos não atinjam a conformação tridimensional necessária para que sejam colocados em circulação. Este defeito parece ser a causa da baixa concentração de células de defesa circulantes em alguns pacientes com CVID.

O tratamento para essa doença é realizado por meio de transfusões mensais de anticorpos, que são purificados a partir do banco de sangue dos hospitais. A reposição é feita via endovenosa, demora algumas horas e 25% dos pacientes relatam alguns efeitos colaterais após o procedimento, como dor de cabeça, enjôo, dos nas costas e febre.

Até o momento não foi constatada nenhuma diferença na incidência da CVID com relação a sexo, idade ou doença anteriormente adquirida. A única característica marcante encontrada nos pacientes é a baixa incidência da doença em asiáticos (1 em cada 2 milhões). Não se sabe ainda exatamente o porquê, mas a população brasileira tem um perfil diferente, do ponto de vista imunológico, apresentado doenças mais graves do que os asiáticos.

A descoberta da falha durante o processo de fabricação dos anticorpos é um importante passo para um tratamento mais incisivo contra a CVID. “Se conseguirmos caracterizar os mecanismos que causam a hipogamaglobulinemia (baixa concentração de anticorpos), seremos capazes, no futuro, de tratar estes pacientes especificamente para os defeitos que apresentam; por exemplo, revertendo o defeito na proteína XBP-1”, conclui Maristela.

Essa pesquisa é financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e está sendo realizada conjuntamente por médicos do Hospital das Clínicas e pesquisadores do ICB.

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