Karina Fukumitsu, fundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, desenvolveu a dissertação de mestrado O processo de luto do filho da pessoa que cometeu suicídio, elaborado no Instituto de Psicologia (IP) da USP. O estudo apresenta a necessidade de se respeitar e de se oferecer suporte às pessoas que, de alguma maneira, têm suas vidas relacionadas com a temática, seja por pensarem ou tentarem cometer o ato, seja por terem vínculos afetivos com quem o praticou. O trabalho, desde o princípio uma pesquisa de motivação pessoal, foi desenvolvido entre 2009 e 2013, e serviu de incentivo para a criação do Instituto Vita Alere pela pesquisadora.
Durante os quatros anos em que desenvolveu a análise, Karina inclinou-se para entender um assunto que ia muito além de um simples tema de dissertação. A psicóloga, antes de ser uma pesquisadora sobre a questão do suicídio, é alguém que teve sua existência marcada de maneira íntima pelo ato: sua mãe, por diversas vezes, veio a tentar praticá-lo, como conta em seu livro, Suicídio e Gestalt-terapia, lançado pela Digital Publish & Print Editora em 2012.
Por meio da dissertação, a pesquisadora objetivava levantar as necessidades daqueles que, assim como ela, são “filhos sobreviventes impactados pelo suicídio”. Ao longo do processo de pesquisa, foram analisados diversos pontos que permeiam o íntimo dessas pessoas. “Foram agrupados 14 unidades de significado reveladas como os principais temas das análises dos nove depoimentos dos filhos da pessoa que cometeu suicídio”. Entre essas unidades, estão questões como, a transmissão psíquica transgeracional (“Se meu pai/mãe se matou, eu também me matarei?”), a culpa e as autoacusações, o silêncio sobre o fato, e outros pontos.
Além de permitir um processo de autoconhecimento e de reconciliação com a memória dos pais - a mãe de Karina veio a falecer em fevereiro, em decorrência de uma miocardiopatia -, o estudo viabilizou o incentivo necessário para que a psicóloga fundasse o Instituto Vita Alere, que, desde o mês de agosto, atua como um espaço que oferece suporte, tratamento, diálogos e atividades relacionadas à questão do suicídio. Tanto por meio da dissertação quanto do Instituto, Karina espera que a sociedade “Que a pessoa que pensa no suicídio ou o comete, bem como o sobrevivente do suicídio, devem ser respeitados e acolhidos”.