Pesquisadores do Grupo de Estudos em Gestão do Esporte da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP destacam falhas na organização esportiva do Brasil, mesmo com aproximação de grandes competições sediadas no país.
O Grupo constatou que o Brasil é um dos países que mais destina verbas para o esporte, mas por outro lado há um número muito pequeno de iniciantes nas modalidades. As escolas não possuem instalações adequadas e os clubes não têm condições de se ampliarem. Pela quantidade de dinheiro investido, o País possui condições de se colocar muito melhor no cenário esportivo internacional do que atingiu até agora.
“Esporadicamente, obtemos êxito em algumas modalidades individuais com o aparecimento de talentos isolados como Arthur Zanetti, na Ginástica Artística. Entretanto, isso não é fruto de um trabalho de base.“
Esse fenômeno ocorre devido a uma falha na estratégia de gestão. No Brasil, não existe um curso de graduação que forme gestores esportivos, como ocorre na Europa e Estados Unidos. Embora o comitê olímpico brasileiro ofereça alguns cursos voltados para as confederações esportivas, ex-atletas que decidam, se capacitar, ainda não são suficientes.
O Brasil aposta que os resultados dos investimentos feitos em detrimento das Olímpiadas apareçam não necessariamente em 2016, buscando melhorias na estrutura, mas ao longo prazo. Segundo a professora, “é muito provável que não tenhamos grandes resultados na próxima edição, não se faz um atleta em cinco anos”. Se o trabalho que está sendo implantado agora for bem realizado, desde a aplicação de dinheiro, até melhora das instalações e programas de incentivo, nas próximas edições da competição poderá haver um crescimento das vitórias brasileiras.
A pesquisadora completa que o problema não é necessariamente de destinação da verba. Há países com menos dinheiro investido, mas que possuem um plano. O Brasil só começou a se organizar em 2012. “Em quatro anos não se estrutura um País para desenvolver o esporte”.
Existe um projeto do governo federal, chamado Plano Brasil Medalha 2016, lançado no fim de 2012, em que há uma destinação de verbas e definições de modalidades prioritárias. O Comitê Olímpico também possui estratégias de foco em certos esportes para que o melhor possível possa ser feito, a meta é que o Brasil fique entre os 10 melhores na próxima edição.
Em contrapartida, desde 2002, a prioridade do governo não era o esporte olímpico e sim o acesso da população a ele de uma maneira mais democrática. Dentro do PAC-2 (Programa de Aceleração do Crescimento 2), por exemplo, há projetos de melhoria das quadras das escolas.