Uma pesquisa realizada na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP buscou identificar o efeito protetor do exercício físico, em relação à dietas hipercalóricas (com excesso de calorias), na prevenção de doenças metabólicas. A dissertação é fruto do mestrado de Flavio Mazzucatto.
Os animais utilizados para os testes iniciaram a dieta específica simultaneamente ao exercício físico aeróbio, aquele que faz uso de oxigênio no processo de geração de energia dos músculos. Nesse caso, a prática possibilitou que o metabolismo se tornasse mais eficaz na absorção da glicose devido a uma maior sensibilidade dos receptores das células ao hormônio insulina.
O pesquisador explica que “o exercício físico aumenta a expressão de proteínas importantes do metabolismo oxidativo”, que são essenciais para o crescimento da massa das mitocôndrias (organela responsável pela respiração celular), de sua função oxidativa e do transporte da gordura que será oxidada. Essas substâncias fazem com que a glicose seja absorvida sem depender da insulina, não atuante durante a prática esportiva.
Além do aumento da sensibilidade à insulina, da eficácia dos hormônios, da melhora metabólica, do poder de oxidação da mitocôndria, a prática esportiva aeróbia atua também em adaptações cardiovasculares, na formação e dilatação de vasos sanguíneos (angiogênese) para maior distribuição de recursos enérgicos no corpo, o que, em geral, melhora a saúde e qualidade de vida de um indivíduo.
Do método ao resultado
Para realização do estudo foram utilizados camundongos com sistemas semelhantes ao humano, divididos em três diferentes grupos, aqueles que consumiram o alimento, mas não treinaram, os que consumiram e treinaram e o grupo controle, que não realizou nenhuma das ações.
Observou-se que os indivíduos que consumiram a dieta hipercalórica tiveram aumento de massa corporal maior em relação aos que ingeriram essa grande quantidade de calorias, mas foram submetidos a exercícios físicos, a glicemia de jejum também foi afetada, assim como a poliúria (volume urinário), resultando em um início de diabetes.
A conclusão do trabalho foi que uma dieta hipercalórica aumenta o peso corporal principalmente com depósitos de gordura, a glicemia de jejum, o volume urinário, a pressão arterial, só de consumi-la. Quando esse regime alimentar foi atrelado à prática de exercícios físicos, não houveram alterações significantes, ou seja, inibiram os efeitos da ingestão excessiva de calorias.