ISSN 2359-5191

23/04/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 5 - Saúde - Faculdade de Medicina
Estímulo por corrente elétrica pode ser opção para tratamento da depressão
Pesquisa buscar comparar os efeitos de antidepressivos e estímulos elétricos no tratamento da depressão

Tratar a depressão sem fazer uso de medicamentos. É isso que busca a pesquisa que está sendo realizada por pesquisadores do Hospital Universitário (HU) da USP . O objetivo é comparar se a Estimulação Transcraniana por Corrente Continua (ETCC) e os antidepressivos tem efeitos semelhantes.

O estudo, que conta com a parceria do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC),  consiste em comparar os efeitos do remédio Escitalopram  com a estimulação transcraniana por corrente elétrica. A finalidade é buscar um resultado “não inferior”, isto é, que a estimulação tenha um efeito no mínimo tão bom quanto, ou mesmo superior ao remédio analisado no tratamento. A partir desse resultado, a ETCC poderia ser de fato uma alternativa para aqueles que não queiram ou não possam fazer uso de antidepressivos, além de casos mais leves onde o efeito colateral do medicamento supera as suas vantagens.

A estimulação consiste no aumento da atividade cerebral da área comprometida na depressão - o córtex dorso-lateral pré-frontal (ver imagem ao lado). O lado esquerdo dessa região cerebral se torna, devido a doença, hipoativo e o lado direito, hiperativo. O aparelho consiste em baterias e eletrodos que são colocados nas regiões afetadas correspondentes.  Nesse circuito elétrico o ânodo, pólo negativo do eletrodo, aumenta a atividade do cérebro por meio da estimulação elétrica, enquanto o cátodo, pólo positivo, diminui. Dessa forma, o pólo negativo vai à esquerda no córtex dorso-lateral pré-frontal e o positivo à direita. Tentando, assim, restaurar o cérebro à seu funcionamento normal e melhorar os efeitos da doença.

A principal vantagem desse tratamento alternativo é, como explica Andre Russowsky Brunoni, médico psiquiatra e coordenador do Serviço de Neuromodelação do Instituto de Psiquiatria do HC e do HU, conseguir a mesma eficácia dos tratamentos farmacológicos, mas sem os efeitos colaterais desses tratamentos. Os antidepressivos, apesar de serem bons, possuem muitos efeitos colaterais que levam muitas pessoas a não tomarem o remédio pelo tempo desejado. “Em um primeiro momento o paciente até tolera, depois acaba desgastando. Isso faz com que de 15 a 20% das pessoas abandonem o tratamento por conta de efeitos colaterais”, comenta Brunoni. Já o tratamento estudado possui efeitos colaterais somente no curto prazo, como formigamento na região que recebe o estímulo devido a passagem de corrente. O estudo, que em 14 anos de pesquisa testou cerca de dez mil voluntários ao redor do mundo, nunca reportou nenhum efeito colateral grave, nada além do período de estimulação.

Além da não-inferioridade que busca, Brunoni comenta também que a pesquisa pretende entender os mecanismos da ação da estimulação. Junto com o tratamento há a coleta de sangue, análise da variabilidade da frequência cardíaca e um subgrupo que fará ressonância magnética. “Os estudos pretendem entender também os mecanismos, não só se a estimulação funciona, mas como ela funciona, e em que pacientes funcionaria melhor do que a outros”, afirma. Explica que pode ser descoberto, por exemplo, que em determinado grupo genético um tratamento possui resultados mais efetivos em relação ao outro.


Recrutamento de voluntários

Brunoni afirma que ainda procura-se voluntários para a pesquisa. Os requisitos necessários são:  apresentar sintomas da depressão unipolar, quadro mínimo moderado, entre 18 e 75 anos e que tenham disponibilidade de ir até o Hospital Universitário da USP para receber a estimulação. O período consiste em uma estimulação todos os dias por três semanas, depois um por semana, por mais sete semanas.

Serão divididos três diferentes grupos entre os voluntários, em que um grupo receberá o Escitalopram, outro a estimulação e um terceiro grupo de controle, que fará uso do placebo desses tratamentos.  

Os interessados em participar da pesquisa, devem enviar um email para
pesquisa.depressao@gmail.com


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