ISSN 2359-5191

07/05/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 9 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Terremoto no norte do Chile diminuiu lacuna sísmica existente desde 1877
Tremores do início de abril romperam 200 km dos 500 km de lacuna
Região aproximada do mega terremoto que rompeu lacuna de 137 anos

O terremoto de magnitude 8,2 que atingiu o norte chileno no dia 1 de abril rompeu parcialmente a lacuna sísmica que havia na região. O tremor resultou no rompimento de cerca de 200 km da lacuna, que tem extensão total de aproximadamente 500 km. Abalos de menor magnitude ocorriam desde 16 de março e davam indícios de um novo cenário sísmico para a área, que não era atingida por grandes terremotos desde 1877.

O geólogo chileno Hans Alex Agurto Detzel, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG), comenta que, após o grande abalo do dia 1 de abril a frequência de abalos, chamada de sismicidade, migrou para o sul da cidade de Iquique, no norte do país, na qual foi registrada a maior réplica, de magnitude 7,6, no dia 3 de abril. “Depois disso a sismicidade começou a decair mas ainda acontecem dezenas de réplicas cada dia. O mais provável é que a sismicidede continue a decair até desaparecer”, comenta.

Apesar da diminuição da sismicidade, Detzel salienta que o rompimento foi apenas parcial, e ainda há grande acúmulo de energia entre as placas, a qual pode ser liberada a qualquer momento através de terremotos. “É importante lembrar que ainda temos toda a parte sul da lacuna entre Iquique e Mejillones, que não consegue romper desde 1877 e tem energia acumulada suficiente para um outro terremoto de magnitude similar ao 8.2 ou maior.” Antes do megaterremoto do dia 1 de abril, o geólogo havia exposto a possibilidade de ocorrência do rompimento da lacuna em um seminário do IAG, no dia 27 de março.

Uma das três hipóteses que Detzel havia levantado, a do rompimento parcial, é compatível com o cenário sísmico que se estabeleceu. Ele apontava a chance da ruptura parcial e previa a ocorrência de dois terremotos, com magnitude próxima a 8,2. O geólogo complementa: “O primeiro já aconteceu. Agora temos que esperar o segundo que pode acontecer este ano ou em vários anos mais. Mas tudo isso são probabilidades, e não certezas”. Ainda, segundo Detzel, não é possível prever quando um terremoto ocorrerá, mas apenas sinalizar que há tensões capazes de gerar tremores.

A lacuna sísmica no norte do Chile

Desde 1877 a região do Norte do Chile não era atingida por um abalo de magnitude acima de 8, valor a partir do qual os terremotos passam a ser chamados de mega terremotos. Essa nomenclatura é a tradução da expressão “megathrust earthquake”, a qual designa grandes tremores que acontecem em zonas de subducção, que são áreas de convergência de duas placas. Hans Detzel complementa que “geralmente estes "megathrust earthquakes” têm um tsunami associado.”

O Chile está localizado no encontro das placas tectônicas de Nazca e Sul-Americana, as quais sofrem um processo de subducção. Essas características tornam o país bastante suscetível a terremotos. No norte chileno, a lacuna sísmica gerou 9 metros de acumulação de escorregamento, sendo que parte dessa energia foi liberada no recente terremoto de 8,2 graus na escala Richter.

A atividade sísmica é constante nas demais áreas do país. Em 2010, um terremoto de magnitude 8,8 acompanhado de um tsunami atingiu a região central do Chile, causando mortes e destruição. O geólogo compara o preparo da população nos tremores do norte do Chile deste ano com o terremoto de 2010: “ É muito importante, por exemplo, ter sinais de áreas seguras no caso de um tsunami nas cidades costeiras. Nesse sentido o governo avançou bastante respeito ao terremoto do 2010, mas ainda há muito por fazer e educar”.

Mais informações:  http://www.usp.br/aun/exibir.php?id=5867&edicao=1035

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