ISSN 2359-5191

09/05/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 10 - Meio Ambiente - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Engenharia de transportes substituirá produção nas grandes montadoras
Planejamento de projetos em mobilidade urbana será foco das grandes empresas
Trânsito é o principal problema de mobilidade das cidades

A busca por soluções para melhorar a mobilidade urbana e aliar os transportes aos valores da sustentabilidade é uma pauta que vêm ganhando força. Percebendo a demanda por esse tipo de estudo, a professora da Faculdade de Economia e Administração (FEA), Adriana Marotti, em parceria com o Laboratório de discussão e estudo da mobilidade urbana da Escola Politécnica, desenvolveram um núcleo de pesquisa especializado sobre o tema. Um dos pontos principais na pesquisa é a mudança no plano de negócios das montadoras, cuja produção de carros deixará de ser prioridade exclusiva e passará a dividir atenção com projetos de engenharia em mobilidade urbana

Nos países emergentes o alto número de carros por habitante e a falta de planejamento adequado do transporte coletivo urbano acabou resultado na saturação das vias e causando uma série de problemas envolvendo congestionamentos e poluição. Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Detran) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil já conta hoje com 1 automóvel para cada 4,4 habitantes. A estatística aumenta em cidades como São Caetano do Sul, que apresenta 2 automóveis a cada 3 habitantes.


(Sudeste ainda mantém a liderença na quantidade de veículos. FONTE: G1)

 

A indústria automotiva ainda é base da economia de muitos países, como o Brasil, por exemplo. Essa relação produz uma contradição entre uma positiva geração de empregos no ramo e um negativo estímulo a uma mobilidade urbana cada vez mais reduzida pelo excesso de veículos. “O automóvel é o segundo bem mais desejado pelos brasileiros depois da casa própria. Por ser mais barato, torna-se mais acessível e a frota cresce”, afirma a professora. A falta de estímulos governamentais que subvertam a lógica do transporte individual para o coletivo acaba resultando nos malefícios tão conhecidos pela população das cidades, como o excesso de trânsito.

Hoje, novas tecnologias reduziram o impacto ambiental, mas os prejuízos ainda são grandes: “Podemos dizer que houve um aumento expressivo na eficiência energética e na redução de poluentes. Entretanto o alto número de carros praticamente anula esses efeitos”, afirma.

As saídas para a mobilidade

Uma das saídas para a melhoria dos transportes nas grandes cidades é a harmonia entre os diferentes tipos de modais, buscando uma integração que facilite a movimentação da população. Políticas públicas inovadoras de infraestrutura são um passo fundamental para incentivar esse fenômeno.

A tendência para o futuro é o aparecimento de novos atores no cenário de planejemaneto de transportes. A pesquisa da professora Marotti aponta justamente para uma mudança no plano de negócios das grandes montadoras, catalisada pelo decréscimo financeiro após a crise. Produzir veículos deixará de ser o objetivo principal das marcas, e passará a dividir atenção com projetos envolvendo a mobilidade urbana.

O Instituto para a cidade em movimento (IVM) da Peugeot é um exemplo dos primeiros passos rumo à mudança de pensamento das grandes empresas automotivas. Criado em 2000, desenvolve projetos de pesquisa e ações inovadoras para a mobilidade urbana nas regiões da Europa, América Latina e Ásia.Os projetos do Instituto podem ser visualizados no site: http://www.ville-en-mouvement.com/

Segundo a professora, esse processo de mudança no plano de negócios ainda não chegou com força total no Brasil: “Esse tipo de iniciativa por parte das montadoras ainda é incipiente e a mudança é lenta”, afirma. Marotti ainda defende que as manifestações foram positivas para repensar os transportes no país: “Os atos populares forçaram os governantes a buscar soluções e incentivaram as pessoas a pensarem em soluções.

Buscando passageiros

Diferente do que o senso comum pode pensar , o Brasil não é o único país com dificuldades para incentivar o transporte público: “Mesmo na Europa é difícil convencer as pessoas a largar o carro, que de certa forma é um sistema cômodo”, afirma a professora.

(Projeção futura da malha metroviária de São Paulo. FONTE: Governo do Estado)

 

Políticas de restrição ao automóvel devem ser o estímulo inicial para a mudança do planejamento de transportes de uma cidade. Os corredores de ônibus em São Paulo, apesar de polêmicos em alguns aspectos, provocaram um aumento no número de passageiros. Segundo dados da SPTrans, o número de usuários de transporte público das classes A e B aumentou. Entretanto, houve uma queda entre as classes C e D: “Isso é reflexo da falta de uma oferta de qualidade para o morador da periferia, que acaba optando por usar o próprio carro.”

As empresas possuem um papel fundamental na melhoria da mobilidade. Pequenas ações com os funcionários podem ser significativas para a cidade: “Permitir o trabalho Home Office, incentivar o uso de bicicletas e permitir horários mais flexíveis impactam no trânsito na região das empresas.” Hoje, em um mundo com 7 bilhões de habitantes, toda ação é válida em se tratando da melhoria da mobilidade humana.

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