São Paulo (AUN - USP) - O que é Nomic? Qual a importância do Relatório Mac Bride para os dias atuais? José Marques de Melo, da Universidade de São Paulo e da Cátedra Unesco de Comunicação no Brasil, analisou essas questões. Em uma palestra “didática”, destacou que embora muitos considerem o assunto ultrapassado, ele “traz aspectos que são debatidos até hoje”, como a “democratização da informação”.

Há exatos 25 anos, no dia 12 de maio de 1980, foi promulgada a Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação, Nomic. O Relatório Mac Bride, produzido entre 1977-1980 com patrocínio da Unesco, teve por objetivo analisar os fatores que dificultavam o fluxo livre de comunicação. Entre as teses levantadas pelo Relatório, José Melo destacou a “invasão cultural”, a “comunicação alternativa” e a “comunicação horizontal”. Esses seriam fatores essenciais para que a informação fosse mais democratizada. A América Latina teve uma participação importante tanto na elaboração das teses como na análise crítica do Relatório. Entre os que debateram as questões do documento e apontaram contradições foi Gabriel García Marques.

De acordo com o palestrante, o texto do Relatório Mac Bride foi amenizado por motivos diplomáticos. Ele foi lançado próximo do fim da Guerra Fria, num momento de mudança de conjuntura política. “O Relatório desagradou gregos e troianos”, diz José Melo. “As duas lideranças se sentiram incomodadas com o texto. Por fim, os EUA se retiraram da Unesco, e a URSS também criticava o documento”.

Apesar de não ter alcançado os resultados esperados, o Relatório lançou questões que permanecem atuais. “A democratização da informação envolve desenvolvimento econômico, político e educativo, como destacou García Marques. Essa ainda é uma grande pendência nos países da América Latina”, diz. Podem ser citadas ainda outras questões pertinentes, como a necessidade de “desenvolver espírito crítico” e de “pesquisas científicas voltadas adaptadas à realidade da América Latina”.