ISSN 2359-5191

16/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 07 - Sociedade - Universidade de São Paulo
Rádios comunitárias dependem de políticos para funcionarem

São Paulo (AUN - USP) - Das 503 autorização para funcionamento de rádios comunitárias obtidas nos dois primeiros anos do governo Lula, 357 possuem padrinhos políticos, em sua maioria deputados e senadores. Estas são as conclusões do trabalho de Cristiano Aguiar Lopes (Universidade de Brasília), apresentado no grupo de discussão sobre a democratização da comunicação no rádio.

A exposição ocorrida no III Seminário Internacional Latino-Americano de Pesquisa da Comunicação revelou que as causas das vantagens obtidas por pedidos que tinham aliados políticos. Segundo Cristiano, a enorme quantidade de documentos e de processos burocráticos complicados faz com que o político seja uma espécie de “despachante de luxo” dos pedidos de outorga, prestando assessoria jurídica e técnica às comunidades que requisitam uma autorização uma autorização para rádio comunitária. No grupo de trabalho, houve a discussão sobre a perda de independência da programação da rádio comunitária devido aos laços com o padrinho.

Dentro do debate sobre o relacionamento entre rádio e política, Mônica Panis Kaseker (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) apresentou um trabalho sobre a eleição a deputado do radialista Luiz Carlos Martins, líder de audiência das rádios AM de Curitiba. Segundo a pesquisadora, o carisma do locutor foi um dos aspectos importantes na eleição, devido à personalização da política. Além disso, Lee agia como um “delegado do povo”, resolvendo problemas que são negligenciados pelo poder público. Outras razões do sucesso foram a neutralidade política aparentada pelo radialista em seu programa e o espaço de sociabilidade e de mediação popular de suas transmissões melodramáticas.

Também da região sul do país, Leandro Ramires Comassetto (Universidade do Contestado) falou sobre sua a qualidade das rádios locais do oeste de Santa Catarina e sua relação com a concentração dos meios de comunicação. Ele lembrou da precariedade técnica que prejudica as rádios comunitárias, ale da influência nesses veículos de político e de correntes religiosas. As rádios locais comerciais estudadas atendiam o público melhor que as demais, apesar de terem como objetivo o lucro.

O rádio local também foi tema do estudo de Carlos Mauricio Cerroya Gonçalves da Universidade Católica Boliviana San Pablo. Ele expôs sua experiência com uma rádio comunitária dos índios Aymaras da Bolívia. Segundo Carlos, a rádio permitiu uma revitalização da cultura tradicional aymara, inclusive o idioma.

Já na cidade de Camaragibe (Pernanbuco), houve o uso da rádio como instrumento pedagógico de capacitação dos moradores a participar na administração municipal. A pesquisadora Maria Sallet Tauk santos contou como o programa de rádio da prefeitura de Camaragibe procurava construir a cidadania e melhorar a qualidade de vida do ouvintes, sem perder o caráter de entretenimento.

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