São Paulo (AUN - USP) - Painéis, mesas-redondas e debates já são tradicionais em encontros de comunicação. No III Seminário Internacional Latino-Americano de pesquisa da Comunicação não foi diferente. Este ano, a novidade ficou por conta dos grupos de discussão sobre os vários segmentos da mídia, que estão ocorrendo durante o evento. No dia 12 de Maio, o grupo de discussão “Como democratizar a comunicação na televisão” reuniu professores do Brasil Chile e Argentina, pesquisadores e estudantes que trocaram opiniões sobre os trabalhos apresentados. As discussões foram divididas em duas sessões, os papers inscritos foram selecionados pelos coordenadores de cada grupo, em seguida o autor do trabalho promoveu uma exposição de 10 a 12 minutos sobre os pontos principais de sua dissertação.
A mestranda Marcelle de Almeida Carvalho, do Espírito Santo, iniciou as atividades com o trabalho “Qualidade da Televisão: uma mobilização social pela democratização da Comunicação”. Nele, a jornalista realiza um estudo de caso sobre a manifestação da sociedade pela qualidade na televisão, com ações como as campanhas contra a baixaria na TV e outras iniciativas. Segundo Marcelle: “O caminho para uma TV de qualidade passa necessariamente por uma mobilização social”.
O segundo tema foi exposto por Graça Caldas da Unicamp, sob o título de “Legislação, Tecnologia e democratização dos Meios de Comunicação em Massa- O compromisso público do PT, que tem como ponto de discussão, o que o governo Lula tem feito para cumprir suas propostas de campanha, realizadas em 2004, que pregavam a reestruturação do sistema de radiodifusão e garantia da diversidade de idéias. Caldas apresentou a evolução da legislação de Comunicação desde 62 até 2002 e disse que não acredita que as mudanças necessárias nos meios de mídia acontecerão por meio dela.
Fernando Paulino, da Universidade de Brasília, realizou uma ainda mais breve exposição sobre Formas de Assegurar a Responsabilidade Social da Mídia: modelos propostas e perspectivas. O doutorando traçou comparações entre a Teoria Libertária e Teoria da Responsabilidade Social bem como exemplos de países como França e Portugal que possuem instituições que mediam queixas relacionadas à atuação dos meios de comunicação.
A tese “Dos Oligopólios ao Coronelismo Eletrônico: a concentração do poder através das Redes de televisão no Brasil” ilustrada por Alex Moura da Unesp Bauru salientou o avanço de conglomerados que dominam os meios de comunicação no mundo. No Brasil esses conglomerados são encabeçados por famílias, políticos, grupos religiosos e o questionamento proposto por Moura é o que fazer para mudar a situação.
O último trabalho apresentado na sessão foi o de Carlos Alberto Roldão que trouxe ao debate seu estudo denominado “Conselho de Comunicação Social: tendências presentes na primeira gestão, que vem acompanhando as experiências do conselho e observado como esse órgão se porta na defesa dos interesses da sociedade civil, uma vez que ela não está representada corretamente no órgão.
Terminadas as exposições, iniciou-se o debate sobre os temas expostos. Os participantes fizeram seus questionamentos que foram debatidos pelos coordenadores.Além da democratização, o assunto preferido dessa rodada foi o Conselho de Comunicação. Muitas das discussões ocorreram no intervalo entre as sessões, no qual os participantes e os apresentadores puderam ter um contato mais próximo, trocando impressões entre um café e outro.
A segunda sessão do grupo iniciou-se com a apresentação de Cosette Castro sobre Televisão Digital e as possibilidades de inclusão digital, na qual houve uma crítica sobre a falta de iniciativa das Faculdades de Comunicação em discutir o assunto, por acreditarem que ele deve ser restrito á área de tecnologia.
A comunicação comunitária foi representada com os trabalhos; “Audiovisual alternativo:anotações sobre experiências gaúchas” de Álvaro Benevenuto JR. da Universidade de Caxias do Sul e “A TV Comunitária nos limites da fragilização da sociedade civil” de Sérgio Luiz Galdini da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Dois trabalhos não foram apresentados em virtude da ausência de seus autores. A segunda rodada de discussão, mais entusiasmada, foi preenchida por impressões sobre a TV Digital e o ponto mais polêmico foi a afirmação feita por Álvaro Benevenuto criticando o asilo de alguns pesquisadores na Universidade com teses abstratas e que deixam de abordar assuntos de ordem prática e de maior importância.
Os debates foram curtos, porém considerados produtivos pelos participantes em virtude da troca de experiências como a comparação entre a TV chilena e a brasileira. No último dia de debate será apresentado um relatório com as conclusões e apontamentos principais de cada grupo.