São Paulo (AUN - USP) - O sociólogo e professor de jornalismo Laurindo Leal da Universidade de São Paulo foi um dos convidados da mesa redonda de discussões que teve como temática central as “Experiências democráticas de políticas de comunicação em países da América Latina”. Leal discorreu a respeito da nova ordem mundial na comunicação apresentando inicialmente as transformações históricas pelas quais passaram as mídias até atingirem o estágio atual.
Hoje, segundo ele, faz-se necessário o fluxo livre e equilibrado das informações, ou seja, liberdade de imprensa com análise cuidadosa do material jornalístico produzido. Buscando seguir esses parâmetros surgiu a Telesur, a primeira experiência comunicacional contra hegemônica de massa. Com recurso inicial proveniente da Argentina, Venezuela e Uruguai tem como objetivo enfrentar o fluxo informativo unidirecional que, até agora, esteve sob controle dos Estados Unidos.
Trata-se de uma empresa anônima de produção e distribuição de material jornalístico de análise, interpretação e contextualização dos eventos que ocorrem na América Latina. É um projeto que nasceu da necessidade de dar voz aos latino-americanos com a participação dos movimentos sociais e da comunidade. “Produzir e distribuir artigos produzidos no continente para o desenvolvimento do continente”, afirma Laurindo Leal.
A empresa, que se propõe ser um canal massivo, quer concorrer no mercado publicitário da América Latina e para tanto montou escritórios na Argentina, Brasil, México, Uruguai e Estados Unidos.
A emissora deve entrar no ar agora, 24 de maio, num primeiro momento apresentando apenas vinhetas comerciais. Em 24 de junho inicia-se a programação experimental com informativos, filmes e musicais. No caso brasileiro, serão cedidas concessões para retransmissão de alguns programas produzidos pela Telesur.
“Vamos ver se na prática nossos objetivos se concretizarão. Se eles se concretizarem, certamente a Telesur estará ajudando o continente a encontrar seu norte aqui no sul”, afirma Leal.
Chile
A última expoente da mesa redonda foi Maria Elena Hermosilla do Consejo de Control de Estupefacientes do Chile. A comunicadora falou sobre os sistemas de comunicação social chilenos, seu retrocesso nos anos da ditadura e a discussão a respeito do acesso à informação assim como os meios para torná-lo um direito de todos.
Maria Elena falou sobre as experiências que ocorreram em seu país e que tiveram resultado positivo: a rádio Tierra, emissora feminista como iniciativa comunicacional da sociedade civil; o Conselho Nacional de TV, como organismo do Estado, regulador da comunicação televisiva e algumas iniciativas como os observatórios das mídias criados pela sociedade civil.
Basicamente, essas experiências apresentam como ponto em comum a visão de comunicação como meio de observar, analisar, reconhecer e transmitir o outro, a diversidade cultural, as diversidades no campo político, na orientação sexual, na cor de pele, nas faixas etárias e nos níveis socioeconômicos para assim, “impulsionar uma cultura de paz”, como afirmou Maria Elena.