ISSN 2359-5191

02/06/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 17 - Educação - Instituto de Psicologia
Psicólogos ajudam a mudar concepção de fracasso escolar
No enfrentamento a preconceitos e estereótipos, psicólogos alteram a maneira como a escola se coloca diante das queixas escolares
A escola no centro do processo educativo

Segundo relato de psicólogos, as principais dificuldades para a escolarização de crianças e adolescentes são as más condições das escolas públicas, a falta de professores, os conflitos entre estes e os gestores escolares, as más condições de trabalho dos educadores, as influências político-partidárias dentro das escolas e os preconceitos e estereótipos sobre a pobreza e a deficiência. Juliana Lara, em sua pesquisa de mestrado pelo IP-USP, observou o trabalho de duas equipes de psicólogos pertencentes às Secretarias de Educação de dois municípios de São Paulo. “A compreensão de que as queixas escolares são multideterminadas e produzidas na escola levou à necessidade de construir práticas que tenham como foco a instituição escolar, de forma a intervir no processo de produção dessas queixas”, afirma Juliana. Já nas demandas recebidas pelos psicólogos, prevalecem as solicitações tradicionalmente voltadas para os alunos, como requerimentos de diagnósticos e tratamentos de problemas de aprendizagem e comportamento. Ana Alves, diretora de escola estadual em Guarulhos, considera de extrema importância a presença do psicólogo, “A escola, como todos os locais, é povoada por pessoas com os mais diferentes tipos de problemas emocionais. Ocorre que quanto antes essas dificuldades emocionais são discutidas, mais cedo é possível minimizar as consequências.” O modelo predominante de atendimento a queixas escolares, que se centra em entrevistas com os envolvidos (familiares, professor, coordenador e aluno), tem sido questionado pelos psicólogos que entendem que dessa maneira aumente o encaminhamento de casos individuais de alunos e diminua o tempo que eles se dedicam a formularem intervenções coletivas, que entendem ser mais promissoras por incidirem sobre os diversos públicos da escola. O trabalho dos psicólogos se dá das duas maneiras, porém eles enxergam na atuação institucional o caminho a seguir. Projetos com foco na escola ou na rede de ensino como um todo, e não a intervenção individual com o aluno, têm contribuído para alterar o posicionamento da escola frente às queixas escolares. A parceria entre educadores e psicólogos busca engajar a escola no processo de mudança dos motivos das queixas, pois esta muitas vezes não se enxerga como produtora de condutas e obstáculos à aprendizagem. Juliana evidencia através de entrevistas com psicólogos escolares que estes, quando trabalham diretamente com a equipe da escola, se sentem muitas vezes parte dela, mais do que da Secretaria de Educação da qual são funcionários. Ao tratar questões individuais como demandas coletivas e desmistificar a ideia de que os problemas de escolarização são causados somente por problemas pessoais, carência cultural ou pobreza, o psicólogo recoloca a escola no centro do processo educativo.

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