ISSN 2359-5191

09/06/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 22 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Regiões mais internas da galáxia permitiriam desenvolvimento de vida
Pesquisa procura áreas na galáxia com características favoráveis à existência de seres vivos
Em verde está indicada, de maneira simplificada, a Zona da Habitabilidade Galáctica, região mais provável para a existência de vida na galáxia

“Zona de habitabildade galáctica para vida simples e para vida complexa” é o tema da dissertação de mestrado apresentado por Fernando de Sousa Mello no Programa de Pós-Graduação em Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). A análise da metalicidade e da taxa de estrelas supernovas permitiu delimitar uma região na parte mais central da galáxia na qual seria possível o desenvolvimento de seres vivos.

A ideia geral da pesquisa elaborada por Mello é a busca das condições propícias ao estabelecimento de vida para uma escala galáctica, e não apenas circunstelar, que seria um estudo apenas na região ao redor das estrelas. Assim, fatores como a existência de água líquida, que seria fundamental em escala circunstelar, deixam de ser o alvo do exame. “O meu trabalho de mestrado é sobre responder à pergunta “haveria um análogo da Zona de Habitabilidade Circunstelar (ZHC) em escala Galáctica, uma Zona de Habitabilidade Galáctica (ZHG)?”, explica Fernando. A análise é apenas teórica e se baseia na observação da idade das estrelas da região bem como a quantidade de metais presentes em sua composição.

Com relação à idade das estrelas, Fernando mapeia a região onde se localizam as super novas (SN), estrelas no fim de suas vidas que explodem e emitem grandes quantidades de energia. Por causa da liberação de energia, o astrônomo interpreta as SNs como nocivas à vida. “Averiguo onde na galáxia a taxa de SNs é maior, obtendo disso a região que seria menos habitável, já que seria mais afetada pela radiação das SNs”, explica Mello.

O outro fator estudado por Fernando, a metalicidade, é o exame da quantidade de metais presentes nas estrelas. As estrelas mais metálicas geram mais planetas, e, assim, pode-se encontrar uma região na qual há maior número de planetas terrestres por estrelas. Os planetas terrestres são aqueles nos quais é possível o estabelecimento de vida. Mello ressalta que para a astronomia a metalicidade é a medição da quantidade de elementos distintos de hidrogênio e hélio, os principais componentes das estrelas. “Todos os outros elementos aparecem somente como traços quando comprados com hidrogênio e hélio. E os astrônomos chamam todos os outros elementos de metais”, completa.

O cruzamento de informações sobre a metalicidade e a taxa de super novas resultou em um modelo de habitabilidade galáctica, que designa as regiões mais propícias ao surgimento da vida. Essas regiões são delimitadas no espaço e no tempo, pois nossa galáxia não tem metalicidade e taxa de SNs constantes no tempo. Fernando aponta suas conclusões: “o panorama que eu obtive é de que as partes internas da galáxia seriam as melhores para se começar a buscar por ambientes (em escala Galáctica) propícios à vida”.

A pesquisa realizada por Mello separa os seres vivos em dois casos distintos: os seres de vida simples, como microorganismos, que são mais resistentes, e os de vida complexa, com formação multicelular. A existência desse segundo grupo exigiria um ambiente mais seguro, uma vez que dependeriam, poe exemplo, da existência de uma camada de ozônio para a sobrevivência. A divisão nesses dois grupos, apesar de simples e genérica, ajuda a entender que quando se fala em habitabilidade não necessariamente se fala em vida humana, mas qualquer tipo de ser vivo, desde os mais simples até os mais complexos.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br