“Zona de habitabildade galáctica para vida simples e para vida complexa” é o tema da dissertação de mestrado apresentado por Fernando de Sousa Mello no Programa de Pós-Graduação em Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG). A análise da metalicidade e da taxa de estrelas supernovas permitiu delimitar uma região na parte mais central da galáxia na qual seria possível o desenvolvimento de seres vivos.
A ideia geral da pesquisa elaborada por Mello é a busca das condições propícias ao estabelecimento de vida para uma escala galáctica, e não apenas circunstelar, que seria um estudo apenas na região ao redor das estrelas. Assim, fatores como a existência de água líquida, que seria fundamental em escala circunstelar, deixam de ser o alvo do exame. “O meu trabalho de mestrado é sobre responder à pergunta “haveria um análogo da Zona de Habitabilidade Circunstelar (ZHC) em escala Galáctica, uma Zona de Habitabilidade Galáctica (ZHG)?”, explica Fernando. A análise é apenas teórica e se baseia na observação da idade das estrelas da região bem como a quantidade de metais presentes em sua composição.
Com relação à idade das estrelas, Fernando mapeia a região onde se localizam as super novas (SN), estrelas no fim de suas vidas que explodem e emitem grandes quantidades de energia. Por causa da liberação de energia, o astrônomo interpreta as SNs como nocivas à vida. “Averiguo onde na galáxia a taxa de SNs é maior, obtendo disso a região que seria menos habitável, já que seria mais afetada pela radiação das SNs”, explica Mello.
O outro fator estudado por Fernando, a metalicidade, é o exame da quantidade de metais presentes nas estrelas. As estrelas mais metálicas geram mais planetas, e, assim, pode-se encontrar uma região na qual há maior número de planetas terrestres por estrelas. Os planetas terrestres são aqueles nos quais é possível o estabelecimento de vida. Mello ressalta que para a astronomia a metalicidade é a medição da quantidade de elementos distintos de hidrogênio e hélio, os principais componentes das estrelas. “Todos os outros elementos aparecem somente como traços quando comprados com hidrogênio e hélio. E os astrônomos chamam todos os outros elementos de metais”, completa.
O cruzamento de informações sobre a metalicidade e a taxa de super novas resultou em um modelo de habitabilidade galáctica, que designa as regiões mais propícias ao surgimento da vida. Essas regiões são delimitadas no espaço e no tempo, pois nossa galáxia não tem metalicidade e taxa de SNs constantes no tempo. Fernando aponta suas conclusões: “o panorama que eu obtive é de que as partes internas da galáxia seriam as melhores para se começar a buscar por ambientes (em escala Galáctica) propícios à vida”.
A pesquisa realizada por Mello separa os seres vivos em dois casos distintos: os seres de vida simples, como microorganismos, que são mais resistentes, e os de vida complexa, com formação multicelular. A existência desse segundo grupo exigiria um ambiente mais seguro, uma vez que dependeriam, poe exemplo, da existência de uma camada de ozônio para a sobrevivência. A divisão nesses dois grupos, apesar de simples e genérica, ajuda a entender que quando se fala em habitabilidade não necessariamente se fala em vida humana, mas qualquer tipo de ser vivo, desde os mais simples até os mais complexos.