O inovador sistema Toyota de produção, capaz de optimizar resultados e eliminar desperdícios, pode ser utilizado para melhorar o sistema de saúde, é o que aponta pesquisa realizada na Faculdade de Economia e Administração (FEA) pelo Núcleo de Pesquisa de Excelência em operações (Nupexo).

O tema está sendo desenvolvido pela pesquisadora Natalia Yuri Eiro sob a orientação do professor Doutor Alvair Silveira Torres Júnior. Também conhecido como Lean, a aplicação desse conceito desenvolvido pela montadora japonesa ajuda a eliminar a “burocracia burra” dos hospitais, e assim criar uma “Gestão enxuta na Saúde”.

Hoje, a maioria dos hospitais e empresas de saúde utiliza um modelo de certificação que normaliza os conceitos de “Qualidade total” para gerenciar suas operações. O Lean, que possuí operações e formato diferentes do primeiro, ainda é pouco utilizado. Segundo o professor, o diferencial do Lean envolve não só a parte econômica, mas também humana do processo: “É um sistema que elimina tudo aquilo incapaz de agregar valor ao cliente e que podemos denominar de desperdício. Na comparação efetuada pela pesquisa, a gestão baseada nos preceitos do modelo da Qualidade Total gerou um desperdício de burocracia e afastou o gestor do cliente”.

(Tabela com os desperdícios mais comuns em hospitais)

A má gestão de operações, presente tanto em hospitais públicos quanto privados devido principalmente a esse problema com a burocracia, gera grandes perdas financeiras. A aplicação do Lean pode facilmente corrigir esse problema: “A otimização não gera gastos”, afirma a pesquisadora.

A eficiência do Lean já foi constatada em diversas pesquisas feitas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), provando ser melhor que outros sistemas em fatores operacionais e estratégicos. Hoje, aos poucos, vai ganhando adesão administrativa em hospitais no Brasil e no Mundo.

A pesquisa mostrou que a melhora dos serviços médicos pelo Lean se dá principalmente pela adoção de uma filosofia na qual o paciente é pensado como um diferencial. A figura humana passa a ser mais importante do que meros indicadores. O envolvimento de todas as pessoas no processo, tanto o paciente quanto os funcionários, é essencial para essa sintonia maximizadora da qualidade. O contato humano substituí a medição feita exclusivamente por números, gráficos e computadores: “O Lean ainda é uma filosofia inovadora que está entrando agora. É preciso agregar valor à saúde trazendo qualidade ao paciente, que requer a equipe toda próxima a ele”, afirma, por fim, Natália.