ISSN 2359-5191

13/06/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 25 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Distorções na distribuição de renda influenciam no crescimento econômico do Brasil
Segundo pesquisadora, “nova classe média” também tem aumentado seu nível de endividamento
Foto: Benjamin Thompson

O processo histórico de concentração de renda, quando observado nas últimas décadas, se estende desde os governos militares e adentra no período de abertura comercial e financeira do país, sofrendo algumas reversões nos anos 2000. Em tese apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), a pesquisadora Vivian Garrido Moreira procura responder a duas questões centrais relativas à distribuição de renda no país: primeiro, se o processo de financeirização da economia observado no Brasil nos anos 90 teve efeitos concentradores de renda e, depois, qual o impacto subsequente da configuração distributiva alcançada sobre a trajetória e o perfil do crescimento econômico brasileiro.


Para a realização de seus estudos, Vivian procurou, em primeiro lugar, mostrar as relações indissociáveis entre os elementos econômicos, sociais e políticos que estão envolvidos neste processo de concentração, entendendo que o formato da distribuição de renda nesses anos esteve vinculado a políticas conservadoras de manutenção de estruturas sociais previamente estabelecidas. “Pude concluir que, de um lado, a situação atual da dinâmica distributiva possui mais elementos para otimismo do que nas décadas anteriores e os indicadores mostram uma melhoria de suas condições gerais”, conta. “De outro lado, creio que vale observar com cautela tais resultados, uma vez que ainda não está claro se os mesmos configurarão uma tendência de longo prazo”.


Ainda segundo a pesquisadora, a dívida pública brasileira aparece como principal ferramenta na estruturação deste quadro de concentração de renda, e as altas taxas de juros consumam o resultado assimétrico verificado até o começo dos anos 2000. Vivian também abordou a questão da “nova classe média”, mostrando que essa parcela da população, embora tenha adquirido elevação relativa de sua renda, também aumentou proporcionalmente o seu grau de endividamento. “Evocou-se aí a peculiaridade do caso brasileiro, onde, em oposição à maioria dos países do mundo, o endividamento cresceu com o aumento salarial, configurando não um mecanismo de compensação das perdas, mas um mecanismo de alavancagem social”, explica.


Para Vivian, contudo, a melhoria da distribuição funcional de renda só será definitivamente alcançada com a gradual continuação da qualificação e incorporação de novos trabalhadores no interior de um sistema produtivo que também cresça no mesmo ritmo e não fique muito aquém da expansão do crédito. A pesquisadora propõe, ainda, um modelo de crescimento liderado pela demanda, com ênfase no endividamento das famílias, que faz com que “a nova classe média” busque imitar os padrões de vida da classe média tradicional. “Na dinâmica de longo prazo, quanto maior o grau de endividamento, menor a demanda agregada e menor o grau de utilização da capacidade produtiva da economia, o que não é bom para o país”.

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