O brasileiro demonstra interesse em política externa, é a favor de políticas que defendam a soberania internacional do país e apoia maior liberalização no comércio internacional. Essas foram algumas das conclusões da pesquisa "Brasil, as Américas e o Mundo - Opinião Pública e Política Externa", realizada pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo.
O estudo foi feito através de uma pesquisa de opinião, com perguntas em 13 áreas temáticas das relações internacionais como identidade, política externa e desenvolvimento governamental, e economia internacional, em parceria com o Centro de Investigación y Docencia Económica, (México), além de universidades da Colômbia, do Equador e do Peru.
A pesquisa trouxe dados importantes sobre a relação da população com política externa e assuntos internacionais. O brasileiro, por exemplo, dá preferência à medidas internacionais que tragam resultados imediatos. Além disso, ele domina os temas tradicionais da política externa brasileira, como os diretos humanos, a relação com a ONU e a política regional.
A segunda etapa do estudo será realizada em agosto desse ano, e repetirá as perguntas de 2010, analisando os resultados com as mudanças na conjuntura dos respectivos países.
No entanto, ela pretende não só comparar os novos dados com os anteriores, mas também avaliar novos critérios. "À medida em que o interesse da população em política externa aumenta, queremos saber também se a relação entre política externa e democracia também aumenta.", afirma Feliciano de Sá Guimarães, professor do IRI e coordenados da segunda etapa da pesquisa. "Isso pode ter como consequência um maior envolvimento dos políticos em assuntos que hoje são centralizados no Itamaraty."
Segundo Feliciano, a pesquisa ainda pode avaliar se há relação entre o maior envolvimento de políticos com assuntos internacionais e uma melhora na imagem e popularidade do candidato. O ex-presidente Lula obteve 80% de aprovação entre os entrevistados de todos os países, enquanto o segundo colocado, o presidente Obama, teve apenas 4%. "Lula foi um presidente conhecido por abordar pessoalmente assuntos de política externa, e queremos saber se isso de alguma maneira foi significante para sua popularidade."
A nova etapa da pesquisa também pretente saber a preferência do brasileiro em outros critérios, como por exemplo o apoio a políticas externas multilaterais (com entidades, blocos e organizações) ou unilaterais (diretamente com países). "Sabemos que a participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU está presente no universo da população."