São Paulo (AUN - USP) - Após três dias de painéis, discussões e mesas redondas, o III Seminário Internacional Latino-Americano de Pesquisa da Comunicação acabou. Mas e os resultados? Nesta semana, os grupos de trabalho começaram a entregar seus relatórios sobre as discussões feitas do dia 12 a 14 de maio, no evento ocorrido na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Uma das propostas mais inovadoras que foram apresentadas foi a do grupo de trabalho que tratou do cinema. Eles propõem tornar o cinema parte integrante dos currículos do ensino médio e fundamental, já que o meio é um dos menos explorados no país embora seja considerado essencial.
No mais, as conclusões de todas as áreas – seja rádio, internet, televisão, imprensa e cinema – foram praticamente convergentes. A questão da comunicação pública é uma tarefa pendente. Algo também muito discutido nessas reflexões é a “sociedade em transição”, em que a tecnologia se desenvolve, no entanto não contribui para um melhoramento da sociedade. Há uma necessidade de reconfiguração de modelos.
O professor Laurindo Leal, da ECA, vê a possibilidade de uma nova regulação da comunicação, algo que vem acontecendo no Brasil, Venezuela e México. Foi também proposta por um dos grupos de trabalho a criação de observatórios permanentes da mídia.
Quanto à democratização, muito se falou sobre a comunicação estar atrelada a variáveis sociais, políticas e econômicas, o que deve ser incluído em qualquer discussão. A maioria das propostas recomenda políticas públicas para o controle da comunicação, isso para facilitar, humanizar e estimular a comunicação, tanto no acesso à informação como para a produção de conteúdo.
“O evento não termina aí”, completa a professora Margarida Kunsch, professora da Universidade de São Paulo e presidente da Alaic. Um livro deve vir até o final do ano, com as conclusões e propostas dos grupos de trabalho. O livro será organizado pela professora.
Satisfação
Para Margarida, o evento foi bom para a ECA, pois há muito tempo que não havia aqui “algo internacional que refletisse a importância da Escola na América Latina”. Quanto ao evento em si, ela diz que o nível dos expositores foi muito bom e os temas bem trabalhados, com profundidade e qualidade.
Valério Brittos, da Unisinos, vê um grande avanço na construção do conhecimento com o seminário. “É a universidade contribuindo com a sociedade”, Para ele, o maior problema dos que foram discutidos nos painéis são os “atos de midiatização”, que seguem lógicas privadas, mas de importância pública. “O privado está controlando o público”, condena.
Já Laurindo Leal Filho, professor da ECA, foi um grande avanço incorporar a ECA com o debate da comunicação. “Também é importante que voltemos para o continente, do qual distanciamos”, referindo-se ao fato do Brasil olhar muito mais para a Europa e os EUA, deixando de lado a América Latina, cujos países vivem situações muito semelhantes à brasileira na democratização da comunicação. Para ele, há muitos fenômenos novos, pouco investigados. “Em um evento como esse, há uma oportunidade de discussão, os pesquisadores são estimulados (...) É um fermento”.
Segundo o resultado de uma pesquisa feita por meio de formulários entregues aos participantes do seminário, 49% disseram que o evento cumpriu as expectativas, enquanto 23% tiveram suas expectativas superadas. “A organização do evento também foi elogiada”, comenta a professora Margarida.