As recentes alterações das normas contábeis brasileiras para atender aos International Financial Reporting Standards (IFRS) passaram a requerer o reconhecimento da volatilidade dos resultados contábeis das empresas de todo o país. Tal volatilidade corresponde à variação do resultado de uma organização entre prejuízo e lucro, e é facilmente percebida a partir de análises dos rendimentos dos últimos anos de qualquer organização. Empresas que apesar de possuírem boa média de lucro oscilam muito entre perdas e ganhos são pouco atraentes a novos investidores e, em tese apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), Fernando Chiqueto propõe a essas entidades a adoção da prática do Hedge accounting, a fim de diminuir ou até eliminar a volatilidade de seus resultados e conquistar a confiança de possíveis interessados.
A partir de sua tese, Chiqueto tinha como objetivo investigar o impacto da adesão do Hedge accounting na variação dos resultados contábeis das companhias brasileiras, além de analisar a relação entre a adoção dessa prática e a existência de planos de remuneração baseada em opções de ações e averiguar se o Hedge accounting foi aderido ou revogado oportunamente. Segundo o pesquisador, os efeitos desta prática analisados em empresas do índice Ibovespa de 2008 a 2012 resultaram na redução de até 60%, em média, da volatilidade do retorno das organizações. Ademais, a adesão do Hedge accounting contraria a hipótese suportada pela teoria de finanças de que maior risco aumentaria o valor das opções de ações. “Percebi que quanto mais planos de remuneração baseados em ações você oferece aos administradores, mais cautelosos eles ficam, mais Hedge accounting eles adotam”, conta.
Suas pesquisas revelam, ainda, que não há evidências de que os efeitos da adesão ou revogação do Hedge accounting tenham ajudado as empresas analisadas a atingir as metas de resultado pré-estabelecidas por analistas financeiros a bater o resultado do trimestre anterior ou a mudar seu desempenho de prejuízo para lucro. “Não há indícios de adoção oportunista dessa prática contábil no mercado brasileiro, ou seja, a adoção do Hedge accounting não favoreceu práticas de gerenciamento de resultado”, afirma Chiqueto. Para ele, por fim, a probabilidade de adesão dessa prática é também positivamente associada a captações no exterior, retorno sobre ativos, faturamento de moeda estrangeira e nível de endividamento, sendo o Hedge accounting, portanto uma alternativa para organizações que visam atrair investimentos externos e, consequentemente, seu desenvolvimento dentro do mercado financeiro do Brasil.