A vacina brasileira contra o vírus da Diarréia Viral Bovina (BVD) é suficiente para imunizar o rebanho, apesar de todas as dificuldades, como aponta a pesquisa realizada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP com o intuito de testar a eficácia da versão comercializada no Brasil. A imunização ocorre tanto ativamente nas vacas, quanto passivamente nos bezerros que recebem os anticorpos através do colostro materno. Posteriormente, observou-se a vacinação de bezerros aos seis meses de idade.
O estudo pretendeu examinar a vacina vendida no Brasil, devido à sua diferença em relação às vacinas provenientes da Europa e EUA. Nesses países, as vacinas são feitas a partir do vírus vivo e atenuado, enquanto as utilizadas no Brasil possuem o vírus inativado. Diante disso, a pesquisadora Camila C. Baccili testou se as imunizações passiva e ativa de bezerros apresentariam os mesmos resultados observados no exterior. “Pensamos em avaliar a vacina brasileira, para ter ideia se apresentariam resultados positivos ou não a esses tipos de agentes", explica.
Processo e resultados
Camila analisou as duas etapas da imunização: primeiro, a imunização ativa materna (e consequente imunização passiva dos bezerros), e, de forma secundária, a imunização ativa dos bezerros, vacinados aos seis meses - idade preconizada mundialmente. "Testamos a imunização ativa dos bezerros aos seis meses, para saber se realmente é o momento ideal, se os animais apresentariam boa resposta imune", conta.
Vacinando as vacas no período pré-parto (a primeira dose foi dada a 41 dias do parto, e a segunda foi dada a 21 dias do previsto para o bezerro nascer), o estudo comprovou a imunização passiva dos bezerros. Isso aconteceu porque as mães imunizadas passaram, através do colostro - leite materno nos primeiros dias pós-parto -, os anticorpos aos bezerros. A vacinação materna é, portanto, uma boa estratégia para melhorar a qualidade do colostro e das respostas imunológicas dos bezerros.
Mas, apesar dessa comprovação, a outra análise da pesquisa mostrou que imunizar ativamente os bezerros aos seis meses de idade não é a melhor alternativa para controle da doença. A duração da imunidade materna, observada pela pesquisadora, foi de apenas três meses e não de seis, como era sugerido. Ou seja, quando chegaram aos três meses de idade os bezerros já não tinham anticorpos suficientes para se protegerem. Até chegarem aos seis meses, quando é sugerida a vacinação, esses animais estariam bastante desprotegidos e susceptíveis à doença.
“O ideal seria que os bezerros fossem vacinados antes do período estipulado, para que pudessem se desenvolver imunologicamente sem que estivessem totalmente desprotegidos”, conclui a pesquisadora.
Através desses resultados, outras pesquisas surgiram para descobrir qual é o período ideal para vacinação dos bezerros.