A criação de plataformas computacionais de design por profissionais da área tem sido feita sem que eles conheçam a fundo a tecnologia envolvida na implementação de seus projetos. Eles apenas se limitam a utilizar softwares comerciais padronizados como suas ferramentas, trazendo perdas às possibilidades de criação e inovação.
Quem constatou a falha na atuação dos designers foi Eduardo Omine, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, na pesquisa ”Design gráfico computacional: aplicação de ferramentas conceituais da computação no projeto e produção de imagens dinâmicas e interativas”, que tem como mote a análise da utilização das técnicas de computação nas criações da área do design.
Essa deficiência dos profissionais acaba levando a problemas de funcionalidade e aplicação nos projetos, o que muitas vezes os torna mais custosos e menos práticos. “Se o designer não conhece as tecnologias envolvidas no projeto, com possibilidades e limitações, acaba propondo soluções tecnicamente inviáveis ou inadequadas” disse Eduardo.
Sua tese foi elaborada a partir do levantamento de depoimentos de designers, relatando seu processo criativo e sua relação com as técnicas da computação, fazendo com que a pesquisa se aproximasse bastante da realidade profissional na área. Além disso, também foram utilizados casos de projetos de design gráfico reais, o que permitiu verificar a aplicação, ou não aplicação, dos conceitos técnicos nos resultados finais de cada iniciativa.
Outra área abordada no estudo é a relação do design computacional com a comunicação. Com as inúmeras possibilidades de simulação multimídia feitas pelos computadores, essa ferramenta criou um ambiente muito ligado à aspectos da linguagem, criando uma “linguagem digital”, ainda muito pouco estudada por quem elabora projetos, embora esteja presente neles.
Por esse lado mais teórico da análise, feita pelo pesquisador, buscou-se apresentar também o conceito de “meta-mídia” no design computacional, ou seja, a presença, no universo da criação, de diversas mídias, devido à capacidade dos computadores de simular inúmeros modelos descritivos. A partir do valor de meta-mídia, fica clara a baixa exploração de da multiplicidade de plataformas nas interfaces e programas de design atuais, por quem atua na área.
De acordo com Omine, "por possuir características de ferramentas de comunicação, como a linguagem e a escrita, a computação constitui uma das grandes bases para a criação meta-midiática. Portanto buscamos estudar como este aspecto pode contribuir para a prática do design”. Para ele, é necessário aprofundar os conhecimentos na área do design computacional, e suas vertentes, para que os projetistas consigam criar projetos cada vez mais coesos e funcionais.