ISSN 2359-5191

26/06/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 30 - Economia e Política - Escola de Educação Física e Esporte
Brasil deve mudar política e legislação para manter investimentos privados no esporte
Crédito para Maracanã

Com o mundial, esperava-se grande crescimento econômico no setor esportivo. O Brasil já vinha recebendo bons investimentos na área, mas a série de protestos tem impedido esse crescimento. A Adidas, por exemplo é conhecida por praticar diversas ações de ativação. Em 2010, na Copa da África do Sul, ela colocou uma jabulani gigante no corredor de um shopping paulistano. Nessa Copa essas atitudes não estão sendo praticadas por medo de depredações, que em geral inibem investimentos. 

Para Ary José Rocco Júnior, professor da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE), o mundial deve fomentar o setor. Porém a situação de instabilidade desacelera esse crescimento. Apesar dos protestos, o país possui hoje 12 novas arenas de nível internacional, o que incentivará a realização de eventos esportivos, atraindo investidores e aumentando o interesse pelo esporte (das pessoas e das empresas). Ele comenta que o esporte tem uma imagem positiva na sociedade, e por isso muitas marcas decidem apoiá-lo. Embora isso vá se concentrar no futebol em 2014, é provável que se dissipe para outras modalidades em 2016. Segundo a Revista Exame, o mercado de patrocínio esportivo no Brasil movimentou cerca de R$ 665 milhões em 2013, sendo que o futebol abarcou 68% do montante, seguido pelo vôlei (16%), basquete (9%) e futsal (7%). Com a Copa e os Jogos Olímpicos o montante deve crescer em 2014 (não só pelos investimentos mas também pelo consumo). O professor comenta que algo que deve receber muito investimento é o lado inclusivo que o esporte proporciona, pois as marcas querem se associar a medidas sociais, trabalhando a imagem de empresa socialmente responsável.  

Segundo o Portal Imprensa, há três níveis de patrocínio: parceiros da Fifa (com o mais alto nível de associação com a entidade e com todos os seus eventos, além da função mais ampla de apoio ao futebol), patrocinadores da Copa do Mundo (com direitos relativos à Copa das Confederações da Fifa e à Copa do Mundo da Fifa em escala global, associação de marca, uso de recursos de marketing selecionados, exposição na mídia e ofertas de ingressos e hospedagem para os eventos) e os apoiadores nacionais. No Brasil, são 6 parceiros, 8 patrocinadores e 8 apoiadores. E os apoiadores (que devem ter raízes no país-sede de cada evento, podendo promover uma associação no mercado nacional).  

Investimentos em esporte 

O professor comenta que não existe uma política clara de incentivo ao esporte no país e isso inibe investimentos, pois há mais incertezas quanto aos lucros. Além disso, há gestores extremamente amadores, tanto das confederações quanto dos clubes esportivos, ou seja, muitos nem são remunerados, de forma que tenham outras atividades. Isso compromete o desempenho dos trabalhos e afasta os investidores. Assim, embora os Jogos Olímpicos tendam a incentivar os investimentos, o professor ressalta a importância de se alterar a legislação no Brasil para que os gestores não fossem pessoas voluntárias, mas, sim, remuneradas de forma que fosse possível aumentar a cobrança e a responsabilidade sobre eles. Em um cenário em que não é mais possível tratar os clubes esportivos como instituições sem fins lucrativos, a mudança se torna mais urgente. 

Rocco complementa dizendo que os investimentos devem crescer no período dos jogos, mas as mudanças na legislação e na política são fundamentais para estendê-los para os próximos anos. Uma mostra disso é a publicidade: atualmente, a maioria dos comerciais televisivos aborda o evento, mas, após a Copa, esse fenômeno deve minguar. Um processo semelhante ocorre com os patricínios e parcerias, e o Brasil estará perdendo uma grande oportunidade se não usarmos esse momento para firmar acordos e investimentos. 

Um grande exemplo de investimento esportivo que está ocorrendo é no Allianz Parque, conhecido popularmente como Arena Palestra Itália. A construção foi iniciada em 2010 e tem previsão de ser finalizada em agosto de 2014. Será uma arena multiuso apta a receber shows, concertos, eventos corporativos e, principalmente, partidas de futebol. Os investimentos de cunho privado no novo estádio levam a uma busca por lucro, e, consequentemente, à profissionalização do esporte. Isso significa dirigentes menos amadores e mais bem preparados, além de um maior nível de exigência quanto a pontualidade, qualidade e retorno.

 

 

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