É possível prever o futuro? Parece mentira, mas existem profissionais da área administrativa especialistas em projetar as tendências futuras. Esse foi o foco do seminário “Megatendências que estão mudando o comportamento do consumidor”, ocorrido na Faculdade de Economia e Administração (FEA).
Organizado pelo professor José Afonso Mazzon, o seminário contou com a presença de Peter Kronstrøm, Sean Merrigan e Martje Meinert, profissionais ligados ao Copenhagen Institute for Futures Studies (CIFS).
O CIFS foi criado em 1970, na Dinamarca, e tem como objetivo principal fornecer uma base de conhecimento sobre o futuro para ajudar empresas públicas e privadas na tomada de decisões estratégicas. O Instituto trabalha não apenas com dados numéricos, mas também com variantes comportamentais e subjetivas do ser humano que também podem ser fatores de influência.
O trabalho de “previsão” é realizado por profissionais de diversas áreas de conhecimento. O CIFS possuí um braço na América Latina desde 2013 e tem como CEO Peter Kronstrøm, que também é membro do Consulado Geral da Dinamarca.
(Logo oficial do CIFS)
“A metodologia de estudo do futuro tem potencial para ajudar nas perspectivas do mundo. Pensar no futuro é algo inerente ao ser humano”, afirma Kronstrøm. Entretanto, os pesquisadores ressaltaram a diferença entre prever tecnologias e comportamentos, sendo este último muito mais imprevisível e difícil de projetar.
Um estudo sobre previsões de futuro realizado pelo pesquisador Philip Tetlock colocou frente a frente previsões realizadas por especialistas e estudantes, e provou que estes muitas vezes tem maior índice de acerto do que profissionais com ampla experiência.
Merrigan, utilizando em sua apresentação os dados da pesquisa de Tetlock, ressaltou a dificuldade de alguns profissionais em ser maleáveis com os acontecimentos históricos, fato prejudicial ao trabalho de previsão das tendências mundiais: “Você precisa ser flexível nas previsões. As mudanças estão cada vez mais rápidas”.
A dificuldade em se adaptar à mudanças é refletida em várias empresas no mundo. A Blockbuster, por exemplo, que foi potência no ramo de aluguel de filmes, não conseguiu se sustentar com o crescimento das mídias online e tornou-se o que Kronstrøm chama de “Zumbi”: “Os paradigmas estão mudando e excedem nossa imaginação cada vez mais rápido. Quem poderia imaginar que a Nokia, produtora de celulares que no passado podiam ser jogados na parede e não quebrarem, seria passada pelos leves Smartphones?”
Por fim, os pesquisadores ressaltaram a importância das megatendências mundiais. Para o CIFS, para algo se enquadrar nessa classificação precisa atender algumas características básicas, como ter duração de cerca de dez anos, possuir um largo efeito em escala global e não apresentar drásticas mudanças por ano.
Uma clara Megatendência do século 21 é a relação da população com o mobile, aumentando a democratização da informação e a transmissão de dados móveis. Hoje, por exemplo, qualquer grande evento tem a presença de pessoas com seus smartphones equipados de câmeras e redes sociais.
“A globalização trouxe uma maior comunicação entre as megatendências, que estão sendo usadas pelas empresas para pensar e criar o novo. Esse é um caminho para o futuro”, afirmou por fim Kronstrøm.