O alarme de enurese é um projeto do Instituto de Psicologia em parceria com a Escola Politécnica, ambos da USP, que desde 2002 já atendeu mais de 300 crianças e adolescentes. O tratamento é gratuito, pois faz parte de projetos de pesquisa financiados por órgãos de fomento científico, como a Fapesp e o CNPq.
Enurese noturna é o nome científico do xixi na cama. Ao contrário do que muitos pensam, o problema não está relacionado a questões emocionais, mas, na maioria das vezes, a distúrbios fisiológicos como: dificuldade em acordar quando a bexiga emite sinais de estar cheia, grande produção de urina durante a noite, falta do hormônio antidiurético e também hiperatividade da bexiga, que não é capaz de conter uma quantidade muito grande de urina.
Segundo a psicóloga Deisy Emerich que trabalha no projeto, há necessidade de redução do estigma associado com enurese e, para tanto, informações sobre as causas do problema e opções de tratamento devem estar disponibilizadas. “O acesso a essas informações ainda é restrito, e isso compromete a busca por ajuda especializada e muitas vezes as atitudes dos pais frente ao problema.”
O alarme consiste de um tapete macio ligado a um aparelho que emite sinais sonoros. Ao ser molhado, dispara para alertar a pessoa a conter o fluxo da urina e ir ao banheiro. Em cerca de 70% dos casos, as pessoas passam a acordar sozinhas para ir ao banheiro durante a noite ou conseguem segurar até o dia seguinte, depois de algum tempo de uso.
Mas nem todo xixi na cama pode ser considerado enurese noturna. Para que o diagnóstico seja confiável, é preciso que a criança tenha pelo menos cinco anos de idade, um episódio por mês e não tenha nenhuma outra doença que cause incontinência urinária, como espinha bífida ou diabetes tipo I.
Estima-se que até 19% dos meninos e 16% das meninas em idade de cinco anos molhem a cama à noite. As porcentagens caem com a idade, mas cerca de 3% dos adultos ainda apresentam o problema. Como não é possível determinar quais casos se resolverão naturalmente, o ideal é que se inicie o tratamento o quanto antes para que o distúrbio não persista até a idade adulta.
Entre os tratamentos recomendados, que podem se basear em terapias medicamentosas, comportamentais ou fisioterápicas, o alarme é reconhecido pelos especialistas como a melhor forma de resolver o problema definitivamente e sem efeitos colaterais. Porém, apesar dos benefícios e da alta eficácia, o alarme ainda é pouco utilizado por necessitar de uma família altamente motivada e um profissional de saúde com conhecimento específico para acompanhar o tratamento.
Deisy afirma que durante a condução do tratamento a principal dificuldade é manejar as expectativas dos pais. “O tratamento com alarme demanda tempo e esforços da família, já que há alguns procedimentos e mudanças na rotina da família que precisam ser feitos".
O projeto, sob coordenação da professora Edwiges Silvares, oferece atendimento individual, em grupo e até mesmo à distância. Mais informações podem ser obtidas através do site www.projetoenurese.com.br, pelo e-mail atendimento.enurese@gmail.com ou pelo telefone (11) 3091-1961