ISSN 2359-5191

01/07/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 33 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Método sismológico usa dados antes descartados
Estudo geofísico na Bacia do Paraná busca entender a estrutura da crosta
Mapa de distribuição de percursos sísmicos entre as estações utilizadas na correlação de ruído ambiental

A dissertação de mestrado de Bruno Collaço, do departamento de Geologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) usa como base de dados, sinais que antes eram considerados sem utilidade para a sismologia. Com o título “Tomografia de ruído ambiental na Bacia do Paraná” o projeto se concentra em analisar a estrutura da região a partir do registro de eventos como o movimento das marés e a própria oscilação natural da Terra.

Ruído ambiental, segundo Bruno, é o registro contínuo feito por sismógrafos, que armazena a movimentação da Terra mesmo quando não há terremotos. “Os terremotos não acontecem toda hora, e o intervalo onde não acontece um abalo sísmico, esse dado contínuo, é chamado de ruído ambiental.” Bruno considera como grande trunfo do estudo usando os ruídos a possibilidade de estudar as características de regiões assísmicas, sem terremotos. “Ruído é uma coisa ruim que você quer descartar do dado. Aqui é o contrário. Nesse método, o que antes era considerado lixo agora vira dado de verdade”, explica.

A análise de dados é feita correlacionando as informações captadas por pares de estações. Esta correlação permite extrair ondas de superfície, que são sintéticas, mas que trazem propriedades físicas da subsuperfície entre as estações. De acordo com Bruno, esse mecanismo é semelhante ao usado para estudar os terremotos.

A partir dessa nova metodologia, o estudo de Bruno permitiu afirmar que o modelo de núcleo da região, para o qual havia três pontos de vista possíveis, é cratônico. Essa formação é mais antiga e estável do continente, na qual o material está mais compacto e, assim, a velocidade das ondas sísmicas é maior.

Avanços tecnológicos

Para Bruno, pesquisas como a dele só se tornaram possíveis por causa da evolução tecnológica. “Há estações que foram instaladas na década de 70 que poderiam dar informações muito ricas se fossem mantidos os dados contínuos. Como era uma outra época, a informática era de uma outra tecnologia, e não havia espaço para guardar esses dados”. Collaço explica que, então, os dados dos ruídos eram excluídos, ficando apenas os registros de terremotos para estudo posterior.

A escolha da Bacia do Paraná como área de estudo também tem a ver com o avanço da tecnologia. Segundo Bruno, é nessa região onde há mais estações para captar a informação necessária. Ele contou com 56 delas, localizadas na região sudeste e em países próximos.

Bruno Collaço também comenta que desde 2010 vem sendo instalada uma rede de monitoramento em todo o país, o que fornece maior número de dados para análise. De acordo com o pesquisador, a técnica de estudo a partir de ruídos pode ser muito benéfica para o Brasil, já que a pouca quantidade de terremotos limita o uso da tomografia convencional. “Para estudo de tomografia no Brasil essa técnica é o futuro, principalmente porque a quantidade de estações está aumentando e é fundamental que exista uma boa densidade dessas estações”.

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