O hormônio sintético paratireoideano (PTH 1-34) estimula a formação óssea ao redor de implantes de titânio (processo chamado de osteointegração) mesmo em doses baixas. A constatação foi feita pelo pesquisador Carlos Eduardo Secco Mafra em sua dissertação de mestrado pela Faculdade de Odontologia da USP (FO).
A pesquisa é importante para a implantodontia, área que se dedica às reabilitações protéticas por implantes dentários, uma vez que a qualidade do osso pode afetar diretamente o tratamento com implantes dentários. Isso porque a estabilidade primária e o travamento são essenciais para a osseointegração, carregamento protéico e capacidade de assimilar cargas mastigatórias futuras.
“Isso pode ter uma implicação cínica futura”, afirma Mafra, “pois amplia seu potencial terapêutico para situações além dos eventos sistêmicos que resultam em perda óssea”. A utilização de doses mais baixas também diminui o risco de osteosarcoma (tumor maligno dos ossos) e de efeitos colaterais, além de baratear o tratamento, hoje de alto custo, e torná-lo mais acessível ao/à paciente. “Outra possibilidade clínica futura seria a utilização no tratamento das necroses maxiliares causada por bifosfonatos [medicamento que reduz a reabsorção óssea]. Assim, pacientes que fazem uso de inibidores de reabsorção também podem passar por esse tratamento ainda que temporário para evitar ou diminuir o risco de osteonecrose”.
A busca por implantes dentários tem crescido ultimamente, tanto para a recuperação de aspectos funcionais quanto estéticos. O que se tem utilizado para melhorar o tratamento com implantes são ações em sua superfície, modificações na forma do corpo e no desenho das espiras, mas é ainda é pouco o estudo de melhoria da resposta da formação óssea por parte do paciente. “Dentro da implantodontia, ainda temos uma porcentagem de falhas na osteointegração dos implantes”, revela o pesquisador.
Para a investigação, 45 ratos receberam implantes de titânio em uma de suas tíbias e foram divididos em dois grupos: um recebeu a dose recomendada do hormônio e o outro, uma dose 20 vezes menor. Mesmo utilizando ratos, as dosagens aplicadas foram mais próximas às aprovadas para utilização em humanos e não as convencionais para animais, muito maiores. É importante ressaltar que “estes animais são criados em cativeiro pra esta finalidade e existe um comitê de ética em pesquisas com animais que aprovou o trabalho”, observou Mafra.
Durante a pesquisa, avaliou-se a proporção de tecido mineralizado na região adjacente ao implante, preenchimento ósseo dentro dos limites de cada implante e a extensão de tecido ósseo em contato direto com sua superfície.