ISSN 2359-5191

01/07/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 33 - Sociedade - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Fragmentação do planejamento urbano dificulta implantação de melhorias no transporte

A separação institucional das diversas áreas de planejamento urbano acaba prejudicando o diálogo na elaboração de projetos de melhoria para a cidade como um todo. Com as divisões, os investimentos que poderiam ser feitos em estratégias conjuntas acabam se perdendo e sendo mal utilizados pelo poder público.

Quem chegou a essas conclusões foi Moreno Zaidan, que estuda, desde 2005, os impactos e investimentos na rede de transportes, na cidade de São Paulo. No início deste mês ele apresentou a tese “Rede de Transportes de Massa e Transporte Urbano”, que buscou compreender qual seria a melhor forma de aprimorar a rede de locomoção na metrópole.

A análise partiu de dois aspectos principais, o primeiro mais técnico, julgando os valores de cada escolha de desenho e traçado para os meios de locomoção, e o segundo mais teórico, estabelecendo critérios que relacionam o traçado do transporte e o planejamento urbano, ligado à densidade populacional, diretrizes de crescimento, distribuição de trabalho e habitação.

Para Moreno ficou claro o descolamento dos planos elaborados pelas secretarias de transporte e sua aplicação na prática. “Urbanistas fazem os planos, mas eles não são executados integralmente”, disse o pesquisador, “a medida que o tempo vai passando, o estado, por não ter investido o necessário para a aplicação, se empenha em uma revisão do plano, que na verdade de revisão tem muito pouco, pois é jogar fora o plano antigo e fazer um novo”.

Em sua visão, o necessário é investir para a finalização dos projetos criados pelos profissionais, ao invés de sempre sobrepor um plano a outro. De acordo com Moreno “apesar de muita gente falar que há uma falta de planejamento, estudos e planos são feitos até mais do que precisaria. Do ponto de vista prático, o que é necessário é tira-los do papel”.

Parte dos projetos que ganharam verba dos poderes estadual e federal, não constavam nos planos vigentes para o transporte na cidade. Projetos de linhas apareciam sem nunca ter sido pensados em conjunto com um projeto central de mobilidade e, muitas vezes, recursos que deveriam ser utilizados para aplicação dos planos de transporte acabavam sendo desviados para a implantação dessas linhas. O pesquisador cita como exemplo as linhas 5 e 18, do metrô, que receberam verbas, mesmo nunca tendo sido pensadas unificadamente.

Outro fator problemático, levantado por Moreno, é a separação dos planos de mobilidade nos diversos municípios da Grande São Paulo, que leva a uma baixíssima integração nos transportes da mancha urbana. De acordo com ele “as diretrizes urbanísticas são colocadas nos planos diretores de cada municípo. Numa região metropolitana que tem 39 municípios isso representa uma colcha de retalhos que não tem uma unidade de planejamento”.

Para que haja uma melhoria real na implantação do transporte em grandes centros urbanos é preciso unir mais investimentos a planos diretores que digam respeito a todo o espaço metropolitano. Enquanto os projetos forem fragmentados nas cidades e em áreas de implantação, sem que haja uma concepção unitária da urbanidade, a mobilidade nas cidades continuara precária.

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