Os protetores faciais e bucais para atletas devem ser desenvolvidos individualmente e sob medida para cada pessoa, recomendam os professores da Faculdade de Odontologia da USP (FO), Neide Pena Coto e Reinaldo Brito e Dias, autores do livro odontologia do esporte, lançado recentemente (confira matéria divulgada pela AUN no dia 11 de junho).
Atualmente, existem três tipos de protetores no mercado. Os primeiros, os chamados de estoque, são os “mais baratos e com as piores características”, de acordo como livro. Sua má qualidade está associada a propriedades protetoras ruins e sua confecção em tamanhos predefinidos (P, M e G) que dificultam a adaptação e causam incômodo. O segundo tipo também é pré-fabricado, mas pode ser adaptado à arcada dentária desde que colocado em água quente. O atleta então deve mordê-lo para que ele se molde. Devido a esse fator, ele pode apresentar instabilidade.
O terceiro tipo, e o mais recomendado pelos professores, é o confeccionado individualmente, por permitir maior aproveitamento e agir precisamente. Para isso, é tirado um molde em gesso da boca ou da face do atleta, que vai dar forma ao material. Eles são feitos com polímeros, material com alta capacidade de amortecimento. O mais usado é o EVA (copolímero de etileno acetato de vinila), por apresentar moldabilidade, durabilidade, facilidade de manuseio e acabamento, além de ter baixo custo.
Os protetores bucais protegem dentes, tecidos moles, estruturas ósseas e articulação temporomandibular, que liga o maxilar ao crânio. Eles não podem impedir a respiração ou a fala e nem provocar incômodo, e são indicados para esportes com risco de traumas de pescoço ou orofaciais.
Algumas modalidades esportivas já incorporaram a obrigatoriedade do uso de protetores a suas regras, entre elas o boxe, futebol americano, MMA, kickboxing, kung fu, karatê, muay thai e lacrosse feminino.
Já os faciais ainda não são normatizados, apesar de serem cada vez mais frequentes. O caso mais recente e em evidência no esporte brasileiro foi o protetor utilizado pelo jogador Alvaro Pereira, do São Paulo Futebol Clube. Ele jogou as últimas rodadas do campeonato brasileiro desse ano com um protetor após fraturar o nariz. O material utilizado pelo jogador foi confeccionado pela equipe da Clínica de Odontologia do Esporte da FO, e tem a função de ajudar na consolidação óssea. O trabalho com jogadores de futebol é realizado desde 2006 e começou com Diego Lugano, então jogador do São Paulo. A clínica se tornou referência no meio esportivo e atende atletas de diversas modalidades, desde amadores a profissionais.
Apesar de muitos atletas utilizarem os protetores após terem sofrido traumas ou lesões, eles devem ser usados como método de prevenção, por protegerem os ossos da face e a boca contra impacto, além de absorverem e dissiparem energia.
Para que se consiga a reparação de uma fratura, é preciso que haja “estabilidade da redução óssea, portanto não deve sofrer deslocamentos durante o período de cicatrização”, explica o livro. Um afastamento do atleta para recuperação é sempre prejudicial ao seu desempenho físico e pode causar prejuízo psicológico. Assim, a utilização do protetor é uma alternativa para que o atleta continue suas atividades.
O trabalho conjunto com outros profissionais da saúde envolvidos em treinamentos esportivos, como preparadores físicos, tem aumentado a consciência dos atletas a respeito da importância dessa proteção.
Serviço
Clínica de Odontologia do Esporte - Faculdade de Odontologia da USP
Funcionamento: Terça-feira, das 14h às 17h30