ISSN 2359-5191

02/07/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 34 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Valores e interesses humanos podem influenciar práticas científicas
Foto: Asun Martinez Ezketa

O prestígio e a autoridade obtidos pela ciência têm como um de seus principais fundamentos a ideia de que a representação científica da realidade é livre de influências dos valores morais, éticos e sociais dos pesquisadores. No entanto, as questões ambientais, por exemplo, têm contribuído para acentuar as controvérsias sobre a maneira como a ciência é conduzida atualmente. Nesse sentido, em tese apresentada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA), Aládio Zanchet busca contribuir para o aperfeiçoamento das práticas científicas através de uma reflexão sobre o papel dos valores dos pesquisadores na construção do conhecimento científico no Brasil, especialmente em contabilidade ambiental (CA).

Para a parte empírica de sua tese, o pesquisador acessou 344 trabalhos de pesquisa sobre CA publicados no Brasil entre os anos de 1998 e 2013, envolvendo teses de doutorado, dissertações de mestrado e artigos de periódicos. Ao focar nas estratégias de pesquisa que orientaram tais trabalhos, Zanchet percebeu que grande parte deles é coordenada sob a crença numa realidade objetiva, cuja existência independe da consciência, dos valores e dos interesses humanos. “Notei que os autores dos trabalhos analisados silenciam sobre alguns pressupostos ontológicos [relativos à ciência do ser] e epistemológicos [relacionados à ciência da origem, natureza e limites do conhecimento] que orientaram suas investigações”, afirma.

Além disso, a ênfase em explicar e prever o comportamento dos fenômenos por meio da identificação de padrões de comportamento e de regularidades mostra a preferência por um tipo de explicação científica cujos contextos sociais não são relevantes, uma vez que o propósito é promover a possibilidade de controlar os objetos investigados. A adoção quase exclusiva desse tipo de estratégia de pesquisa reflete uma subordinação das escolhas metodológicas à possibilidade de aplicação do conhecimento gerado para fins de controle, o que compromete a neutralidade das práticas científicas. Segundo Zanchet, ainda, é importante manter um debate aberto sobre o assunto, a fim de evitar que os valores influenciem, de forma camuflada, o produto final da ciência.

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