Recentemente pesquisadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU) tem tentado reativar disciplinas e grupos de estudo focados na prevenção em áreas de risco de desastres. Ao abordar áreas extremas como Antártida e regiões desérticas espera-se conseguir formas de auxiliar designers e arquitetos a propor soluções práticas para diminuir o risco de acidentes de grandes proporções.
“Aqui na FAU temos tentado trazer de volta matérias de arquitetura naval, em parceria com a Poli, e também de design em áreas extremas, com esse enfoque na prevenção de riscos de desabamento, enchentes entre outros frutos da ação antrópica na natureza” disse o professor Arthur Lara, professor da Faculdade que em conjunto com a professora Lara Leite Barbosa (também da FAU) tem encabeçado os estudos na área.
Uma das maiores críticas à ineficiência para barrar dos acidentes é a falta de investimentos em iniciativas de prevenção, enquanto grande parte das verbas acaba voltada à solução de problemas após eles já terem ocorrido. Projetos de design voltados para a criação de soluções pragmáticas de problemas são constantemente deixados de lado, pois são considerados menos urgentes.
No início do ano passado foi criado, em uma parceria da USP com a Defesa Civil, o CEPED (Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres), que reúne representantes de diversos institutos da universidade, como Instituto de Geociências (IGc), Faculdade de Saúde Pública (FSP), Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), Escola Politecnica (Poli), além da FAU.
O Centro tem como objetivo primordial dar maior fluidez e interdisciplinaridade às iniciativas que tentem trazer inovações na precaução de acidentes e na ocorrência repetida de tragédias nos mesmos locais todos os anos. Para isso são feitas reuniões periódicas buscando conectar os projetos de diferentes faculdades que possam receber investimentos conjuntos ou estabelecer alguma troca de conhecimentos.
Pesquisas de longo prazo, como a de Arthur Lara, focada em como o incêndio na plataforma brasileira da Antartida pode trazer lições e aprendizados para a prevenção de acidentes naturais, prevista para durar até o ano de 2018, são sempre colocadas em segundo plano. “Recentemente tentei buscar investimentos na Fapesp [Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo] para encaminhar a pesquisa, mas eles rejeitaram. Agora estamos buscando pelo CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], mas as vias de obtenção de verbas são bastante burocráticas” disse o pesquisador.