ISSN 2359-5191

03/07/2014 - Ano: 47 - Edição Nº: 35 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Mestrado faz balanço da água superficial em situações de aquecimento e seca
Modelo é focado no escoamento e na evapotranspiração da água da chuva
Escoamento, evaporação e transpiração vegetal são base para medição de água superficial.

Baseado na premissa de que “tudo o que precipita vai, de alguma maneira, voltar para a atmosfera”, o climatologista do Instituto de Astronomia, geofísica, e Ciências Atmosféricas (IAG) Leonardo Domingues desenvolveu sua dissertação de mestrado estudando e modelando a quantidade de água que volta à atmosfera por meio da evaporação e da transpiração das plantas (a evapotranspiração) e também quanto dessa água escoa superficialmente. Esses dois fatores, escoamento e evapotranspiração, são os componentes do balanço hídrico. Em uma segunda etapa da pesquisa, focada no estado de São Paulo, estimou como seria a dinâmica climatológica em casos de seca e menor precipitação.

As estimativas feitas por Leonardo para o caso do Estado de São Paulo são bem semelhantes ao contexto atmosférico atípico que o estado enfrentou esse ano, afetando o fornecimento de água, situação que ficou mais grave na região do Cantareira. Domingues explica que houve a formação de uma área de alta pressão na costa, nas proximidades da região sudeste, o que impediu que as frentes frias vindas do sul causassem instabilidade e fizessem chover. Esse é um cenário parecido com o que o modelo de Leonardo propõe, calculando situações de aquecimento e diminuição da precipitação.

Em uma primeira simulação, apenas com aumento de temperatura, o modelo apontou que a evapotranspiração aumentou em relação ao grupo de controle. Na segunda simulação, associando aumento da temperatura e diminuição da precipitação, houve um aumento inicial, seguido de diminuição da evapotranspiração, causada principalmente pela interrupção do mecanismo vegetal de transpiração. “Chega em um limite no qual aumenta a temperatura mas a evapotranspiração diminui. Esse limite, a gente sugere no trabalho, é causado pelo déficit de umidade”.

O modelo proposto por Leonardo Domingues coloca dados específicos para cada região brasileira, de acordo com a temperatura média, umidade, tipo de vegetação, solo, dinâmica de ventos. O desenvolvimento desses parâmetros permite calcular de maneira mais certeira o escoamento e o retorno para a atmosfera da umidade superficial, medição que envolve estudos para além da climatologia.

A pesquisa desenvolvida pelo climatologista envolve conhecimentos na área da biologia vegetal e também em questões sociais. "Nem toda área da meteorologia é tão multidisciplinar", afirma Leonardo. Ele cita a mudança no código florestal como um dos aspectos nos quais climatologia e sociedade se relacionam, pois questões como evapotranspiração e escoamento estão diretamente ligadas à cobertura vegetal de determinada região. Se o código florestal altera essas áreas de preservação, afeta-se também as taxas estudadas por Domingues, que ainda podem ser usadas como base para medidas públicas.

Domingues também comenta que, de certa maneira, seu modelo possibilitaria previsões do tempo mais precisas, já que a umidade estudada por ele está diretamente relacionada na dinâmica das chuvas. Ele explica que temperatura e precipitação são dados fáceis e baratos para serem obtidos, o que não acontece na medição da evapotranspiração, pois os processos para tais análises ocorrem em uma escala muito pequena, o que exige materiais de altíssima frequência. O modelo proposto por Leonardo seria uma maneira mais simples de realizar a medição.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br