A ressonância magnética é o único exame de imagem capaz de diagnosticar o deslocamento de disco articular em doenças da articulação temporomandibular (que liga o maxilar ao crânio), segundo pesquisa realizada por Carlos Eduardo de Luca, em sua tese de doutorado pela Faculdade de Odontologia. Esse é o exame mais preciso para detectar a posição do disco articular e visualizar estruturas ósseas, como a cabeça da mandíbula e a fossa mandibular.
A pesquisa também rechaçou a utilização da tomografia como exame para localização de disco, “visto que o posicionamento anteroposterior da cabeça da mandíbula não pode ser considerado confiável para obtenção do diagnóstico”, explica De Luca.
A articulação temporomandibular é uma das estruturas responsáveis pelos movimentos realizados pela mandíbula, além de ser uma das articulações mais complexas do corpo humano. Assim, qualquer problema que afete seu funcionamento é delicado. Esses problemas são chamados de disfunções temporomandibulares (DTM) e englobam várias doenças que envolvem músculos, discos, ossos e ligamentos.
Vale ressaltar que aproximadamente 85% da população das grandes cidades sofre com ao menos um sinal dessas disfunções, causadas em grande parte pela existência de disco articular deslocado. “Por esse motivo, encontrar fontes seguras de diagnóstico para este problema torna-se extremamente relevante”, salienta o pesquisador.
Segundo a tese, “a metodologia dos estudos científicos em DTM é diversa, mas percebe-se uma tendência de grande parte dos autores em analisar as variáveis unilateralmente”. Para a pesquisa, foram comparados dados clínicos e imaginológicos de pacientes com disfunção temporomandibular, identificando correlações entre a posição dos discos articulares e alguns sinais e sintomas, como dor muscular, cinemática de abertura, posição da mandíbula e idade.
Sintomas e tratamento da disfunção
As causas da DTM são múltiplas, o que a leva a apresentar diversos sinais e sintomas. Entre eles, estão dores de cabeça, semelhantes à enxaqueca, dores de ouvido, dor e pressão atrás dos olhos, sensação de desencaixe ao abrir ou fechar a boca (estalos), trava e flacidez dos músculos da mandíbula, dor ao bocejar e mastigar, e brusca mudança no modo como os dentes superiores e inferiores se encaixam.
Por se tratar de uma doença multifatorial, existem vários tratamentos que podem ser utilizados para diminuir os sintomas. A aplicação de calor úmido através de relaxante muscular, aspirina, analgésicos e anti-inflamatório contribuem para a redução da dor e espasmo muscular.
Já para conter os efeitos prejudiciais de travamento ou rangido, é preciso que o paciente utilize o splint, também conhecido como placa de mordida. Esta placa interoclusal pode se encaixar tanto nos dentes superiores como nos inferiores, protegendo-os do ranger ou do apertamento existente. Ela ainda provoca o alívio de compressões intra-articulares que possam existir.
Técnicas de relaxamento também ajudam a controlar a tensão muscular na mandíbula. Como último recurso, existe a possibilidade de cirurgia na articulação.